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Por José Benedito da Silva
A política e seus bastidores. Com Laísa Dall'Agnol, Victoria Bechara, Bruno Caniato, Valmar Hupsel Filho, Isabella Alonso Panho e Adriana Ferraz. Este conteúdo é exclusivo para assinantes.
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Como o MST passou de inimigo de Alckmin a seu aliado na disputa eleitoral

Ex-tucano, que prometia tolerância zero contra invasores de terra quando era governador, agora tira selfies com militantes e usa boné do movimento sem-terra

Por Da Redação Atualizado em 28 jun 2022, 09h19 - Publicado em 28 jun 2022, 09h00

Em 12 de março de 2003, pouco mais de dois meses após Luiz Inácio Lula da Silva (PT) chegar à Presidência da República, o seu hoje companheiro de chapa na eleição, Geraldo Alckmin (PSDB), então governador de São Paulo e filiado ao PSDB, dava entrevista após participar de um evento de formação de policiais militares e mandava um recado ao MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra).

“Esse tipo de movimento é, na prática, um movimento contra a reforma agrária. Não serve a uma causa justa como é a da reforma agrária”, disse. Ele lembrou que estava em vigor no país uma medida provisória determinando que, quando uma área fosse invadida, mesmo se for improdutiva, ficava impedida de ter vistoria para desapropriação por um período de dois anos. “Invadir propriedade é não querer a reforma agrária”, declarou.

Passaram-se oito anos e a opinião de Alckmin sobre o MST seguiu a mesma. “Em São Paulo, invadiu, desinvade”, disse em 2011 durante uma onda de invasões promovida pelo movimento no estado, que era de novo comandado por ele. Anunciou, ainda, que haveria tolerância zero com ações do grupo. “Vamos apoiar a reforma agrária, mas não vamos tolerar invasão”, disse.

Agora, no entanto, tudo mudou. Na sexta-feira, 24, já na condição de vice de Lula, o ex-tucano foi a um assentamento do MST em Andradina, acompanhado do ex-prefeito Fernando Haddad (PT), para a inauguração de uma cooperativa. Vestiu o tradicional boné vermelho com a logomarca do movimento, tirou selfies com militantes sem-terra, ignorou o caráter político do movimento e preferiu reforçar o caráter associativo do empreendimento ao dizer que, no modelo de cooperativa, “o capital não explora o trabalho”.

A mudança na relação entre Alckmin e o MST já vinha se desenhando desde que o ex-tucano passou a ser cotado a vice de Lula. Em janeiro deste ano, um dos principais líderes do grupo, João Paulo Rodrigues, enfatizou o caráter de “democrata” de Alckmin e lembrou que, quando governador, ele chegou a receber o movimento no Palácio dos Bandeirantes para discutir pautas ligadas à reforma agrária.

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Em março deste ano, durante visita de Lula e Alckmin a um assentamento do MST em Londrina (PR), o líder mais conhecido do grupo, João Pedro Stédile, afirmou que o ex-tucano seria recebido de “braços abertos’. “Foi ele que veio jogar no nosso time e, por isso, temos que recebê-lo de braços abertos. Nós não vamos pedir atestado ideológico para ninguém”, afirmou.

O que pesa, principalmente, para a aceitação de Alckmin como novo aliado é o fato de esse ser o desejo de Lula. O MST tem uma “fidelidade canina” ao ex-presidente, de quem foi aliado mesmo nos momentos difíceis, como os tempos de prisão na Lava Jato, quando o grupo marchou várias vezes pelas ruas de Curitiba para pedir a liberdade do petista.

A ver o que irá ocorrer quando Alckmin encontrar-se com representantes do agronegócio. Uma de suas missões na campanha será aproximar Lula de um segmento econômico que hoje está muito mais próximo do presidente Jair Bolsonaro (PL) – que costuma repetir uma cantilena que soa como música aos ruralistas: o fato de ter, segundo ele, acabado com as invasões de terra do MST em seu governo.

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