Barroso nega pedido da PF para investigar Paulo Guedes em inquérito do STF
Ministro seguiu manifestação da Procuradoria-Geral da República e barrou pedido de delegado contra o ministro da Economia
O ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), negou nesta terça-feira, 4, pedido da Polícia Federal para incluir o ministro da Economia, Paulo Guedes, entre os investigados de um inquérito por supostas irregularidades junto ao fundo de pensão dos Correios, o Postalis. A investigação tem entre os alvos o senador Renan Calheiros (MDB-AL).
A decisão de Barroso, que diz não haver “elementos robustos” contra Guedes, vem após manifestação da Procuradoria-Geral da República (PGR) no sentido de rejeição do pedido da PF. O ministro também negou a produção de um relatório de inteligência financeira de empresas ligadas Paulo Guedes entre os anos de 2010 e 2016 e determinou sigilo sobre os autos da petição da PF que miravam o ministro.
“Nesse contexto, em que o feito está na fase investigatória e que a Procuradoria-Geral da República, na condição de titular da ação penal, manifesta-se contrariamente à inclusão de pessoa como formalmente investigada em inquérito policial, o caso é de indeferimento do pedido formulado pela Polícia Federal, sobretudo por não haver, até o momento, elementos robustos que atestem a pertinência entre o objeto da representação policial e os fatos investigados”, decidiu o ministro do STF. “Diante do exposto, indefiro os pedidos de inclusão de Paulo Roberto Nunes Guedes no rol de investigados do Inquérito 4.492 e de produção de Relatório de Inteligência Financeira”, completou.
Conforme revelou VEJA em junho, a inclusão de Guedes entre os investigados foi pedida por meio de representação do delegado da PF Bruno Calandrini, diante do depoimento de um empresário que citou o ministro. Fundador da Galileo Administração de Recursos Educacionais, Márcio André Mendes Costa afirmou aos investigadores que foi orientado por Paulo Guedes em 2011 a apresentar debêntures da Galileo para investimentos do Postalis, que já havia feito um aporte no fundo BR Educacional, cujo titular à época era Guedes.
O delegado citou uma reportagem segundo a qual o fundo de Guedes captou 1 bilhão de reais de fundos de pensão do Banco do Brasil (Previ), Petros (Petrobras), Funcef (Caixa) e Postalis (Correios), além do BNDESPar, braço de investimentos do BNDES. Calandrini pediu ao ministro do STF autorização para solicitar a elaboração de Relatórios de Inteligência Financeira das empresas ligadas Paulo Guedes de 2010 a 2016.
Entre as suspeitas sobre Guedes, o delegado da PF cita possíveis crimes de lavagem de dinheiro, evasão de divisas e organização criminosa. Ele cita “indicação não esclarecida do grupo Galileo para contrair empréstimo junto a fundo de pensão” e “eventual criação de empresa sem atuação e expertise na área com recebimento de vultoso aporte sem precedentes”. Fala também em “possível vinculação espúria com a diretoria do Postalis” e “provável relação com Milton Lyra e Arthur Pinheiro Machado, supostos operadores financeiros, através de contratos fictícios com empresas de passagem”.
A defesa de Guedes criticou o pedido da PF, classificado por seus advogados como busca por uma “devassa” na vida dele.