As ‘cobras e lagartos’ ditas no divórcio que marca as eleições no Ceará
Ruptura da aliança entre PT e PDT no estado após dezesseis anos aconteceu entre trocas de acusações e rusgas
A ruptura entre PT e PDT no Ceará, que pôs fim na aliança que comandava o governo há dezesseis anos, é o grande marco até aqui das eleições no estado. E, como todo fim de casamento duradouro, não terminou sem uma troca de rusgas de ambos os lados.
O desentendimento aconteceu porque o PDT, sob influência de Ciro Gomes, escolheu o ex-prefeito de Fortaleza Roberto Cláudio como candidato do partido ao governo estadual. Os petistas defendiam o nome da governadora Izolda Cela que, apesar de estar no PDT, tinha o apoio do ex-governador Camilo Santana (PT), de quem era vice.
“Em São Paulo, na reunião com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), tomei conhecimento da decisão do PDT: meu coração encheu-se de tristeza pela Izolda. Mulher que vem conduzindo tão bem os destinos de nosso estado, minha solidariedade e meu respeito. Merecia ser reconduzida”, escreveu o presidente do PT-CE, o deputado federal José Guimarães, em seu Twitter, logo que o nome de Cláudio foi anunciado.
“Prevaleceu a arrogância, o capricho e a expressão de mando que subjugou os interesses dos cearenses à obsessão de poder de um só”, reforçou o PT do Ceará em nota sobre a decisão do partido de Ciro. O racha levou o PT a lançar o nome do deputado estadual Elmano de Freiras ao governo. Izolda, por sua vez, se desfiliou do PDT para subir no palanque petista.
A resposta veio de Ciro Gomes, que acusou o partido de Lula de “sabotagem”: “O que está acontecendo é o seguinte: o Lula resolveu desconsiderar toda e qualquer ética e escrúpulo para destruir todos os partidos. Ele chamou o Rodrigo Neves, o Weverton Rocha, o Carlos Eduardo e tentou operar no Ceará”, reclamou ele, enfileirando nomes do PDT no Rio de Janeiro, Maranhão e Rio Grande do Norte que o ex-presidente teria tentado atrair.
A despeito do desejo de voltar a se unir no segundo turno num provável duelo contra o Capitão Wagner (União Brasil), maior expoente da direita nas eleições, André Figueiredo, presidente do PDT-CE, também criticou a atitude petista. “Houve imposição do PT dizendo que só coligaria se o nome fosse a Izolda, e isso não admitimos. Eles não possibilitaram o consenso. O Lula queria o Eunício [de Oliveira] em 2014 e perdeu. Apoiou o Elmano em Fortaleza (2012) e perdeu. Então ele não elege sempre quem ele quer aqui no Ceará”, declarou o deputado federal.