A nova tentativa para tirar da cadeia a primeira delatora da Lava-Jato
Presa em Portugal sob acusação de tráfico internacional de drogas, doleira Nelma Kodama foi extraditada para o Brasil e está presa na Bahia
Os advogados da doleira Nelma Kodama entraram com um pedido de habeas corpus, no Tribunal Regional Federal, para que ela responda ao processo por tráfico internacional de drogas em liberdade. Presa em Portugal em março deste ano, Nelma, que ficou conhecida durante a Operação Lava-Jato, foi extraditada para o Brasil em outubro e agora está em um presídio na Bahia.
Segundo a denúncia do Ministério Público Federal, a doleira possuía posição de destaque na organização criminosa, apesar de a investigação apontar que ela era mantida em cárcere privado no país europeu até que a droga transportada por traficantes chegasse ao destino. Os procuradores também detectaram em interceptações telefônicas que ela foi vítima de um golpe, promovido por um ex-namorado, e que a acusada passava por problemas financeiros.
Para a defesa, as três alegações (destaque, golpe e falta de dinheiro) mostram que ela não possuía nenhuma posição hierárquica e que o pedido de prisão só foi aceito pela Justiça devido ao histórico criminal da doleira. Também nega que ela seja traficante. O pedido, em segredo, ainda não foi julgado.
As investigações da Operação Descobrimento tiveram início em fevereiro de 2021, quando um jato executivo Dassault Falcon 900, pertencente a uma empresa portuguesa de táxi aéreo, pousou no aeroporto internacional de Salvador para abastecimento. Após uma inspeção, foram encontrados cerca de 595 quilos de cocaína escondidos na fuselagem da aeronave.
No curso das investigações, a PF contou com a colaboração da DEA, a agência norte-americana de combate às drogas, da Unidade Nacional de Combate ao Tráfico de Estupefacientes da Polícia Judiciária Portuguesa e do Ministério Público Federal.
Doleira da Lava-Jato.
Ex-mulher do doleiro Alberto Youssef, Nelma Kodama foi a primeira delatora da Lava-Jato e foi condenada em outubro de 2014 a 18 anos de prisão por corrupção, evasão de divisas e organização criminosa. Cinco anos depois da sentença ela foi autorizada a migrar para o regime aberto, com uso de tornozeleira eletrônica.