A complicada estratégia de Haddad para bater no PSDB e poupar Alckmin
Petista tenta manter críticas às administrações tucanas em São Paulo sem comprometer o ex-governador e agora aliado

Candidato do PT ao governo de São Paulo, o ex-prefeito Fernando Haddad agora mira os ataques à gestão de João Doria (PSDB) para desgastar o seu adversário na disputa eleitoral, o atual governador Rodrigo Garcia (PSDB), que disputa a reeleição. A estratégia é manter as críticas aos governos tucanos em São Paulo, que sempre marcaram o discurso petista, mas poupar o ex-governador Geraldo Alckmin, que agora está no PSB e é o candidato a vice na chapa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
A tática é complicada, já que é difícil ignorar a contribuição de Alckmin, que comandou o estado em quatro mandatos, para o longo domínio tucano em São Paulo, que já vem desde 1994. Além disso, Garcia foi secretário de Habitação do governo Alckmin em 2015. “A gente fazia críticas ao PSDB e não era sem razão”, disse Haddad em agenda no Guarujá nesta terça-feira, 2. “O magistério e as Polícias Civil e Militar foram categorias que não receberam atenção devida para recuperar a educação e a segurança. Mas agora houve uma mudança de qualidade para pior com Doria e Garcia”, disse.
Haddad mantinha uma relação cordial com o governador Alckmin quando era prefeito da capital paulista entre 2013 e 2016. Mesmo assim, criticava pontualmente o tucano, como na eleição estadual de 2014, quando Alckmin disputava a reeleição ao governo. Haddad afirmou que Alckmin agiu com truculência e falta de comportamento democrático no episódio da desocupação da área conhecida como Pinheirinho, em São José dos Campos (SP), em 2012, quando houve episódios de violência envolvendo cerca de 9.000 invasores sem-teto e policiais militares. “Eu acho que é um erro não ouvir a sociedade, não ir ao encontro dos movimentos organizado. Olha o que aconteceu no Pinheirinho. É aquilo que a oposição tem a oferecer para a sociedade? Repetir em São Paulo o que fizeram lá?”, disse.
As críticas de Haddad a Alckmin e ao PSDB ganharam mais força na campanha de 2018, quando ambos disputaram a Presidência da República. Na época, o ex-prefeito disse que o surgimento e a consolidação da facção criminosa PCC eram uma marca das administrações tucanas em São Paulo. Em resposta, Alckmin afirmou que o PSDB não era “comandado de dentro de um presídio”, em referência ao fato de Lula estar preso em Curitiba pela Operação Lava-Jato. “Nem minha campanha foi lançada na porta de penitenciária”, disse, lembrando o fato de Haddad ter sido ungido candidato por Lula na carceragem da Polícia Federal.
Também na eleição de 2018, Haddad acusou o PSDB de ter tentado tumultuar o país após a vitória de Dilma Rousseff em 2014 sobre Aécio Neves e de ter sabotado o governo da petista para inviabilizar o mandato dela e depois conseguir cargos com Michel Temer. “O PSDB se associou ao Temer para sabotar o governo, aprovando as pautas-bombas, gastos desnecessários (…). Isso levou o país à crise e não a política que fizemos, disse a Alckmin durante um debate na TV.








