A batalha entre oposição e governo em torno da CPI do MEC no Senado
Prisão de ex-ministro deu novo impulso ao movimento oposicionista, mas líder governista já definiu estratégia para tentar barrar a instalação da comissão

Próximo de a oposição obter as 27 assinaturas necessárias para a instalação da CPI do MEC no Senado, governistas estão apostando na indisposição do presidente da Casa, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), e em um argumento técnico para tentar barrar a investigação, que tem potencial de gerar desgaste para o governo de Jair Bolsonaro (PL) em ano eleitoral. O argumento é o de que é preciso seguir a “fila de espera” das CPIs e instalá-las conforme a ordem de apresentação dos requerimentos. O líder do governo, senador Carlos Portinho (PL-RJ), tem insistido que há pedidos anteriores, como um dele próprio que requer a criação de uma CPI das Obras Inacabadas e outro do senador Eduardo Girão (Podemos-CE) que propõe uma CPI do Narcotráfico.
O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) afirmou que já tem em mãos 26 assinaturas. Ele tenta abrir uma CPI do MEC desde abril, quando surgiram as primeiras notícias de que a pasta da Educação tinha virado um balcão de negócios para liberação de recursos do FNDE (Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação) para prefeituras do interior do país. Agora, com a prisão do ex-ministro Milton Ribeiro e de dois pastores evangélicos investigados por atuar como lobistas nesse balcão de negócios, a ideia da CPI ganhou um novo impulso. Na quarta-feira, 22, após as prisões, mais dois senadores assinaram o requerimento: Eduardo Braga (MDB-AM) e Soraya Thronicke (União Brasil-MS).
Segundo a oposição, o argumento do líder do governo de que é preciso seguir a “fila de espera” das CPIs não tem respaldo no regimento interno do Senado. Mas governistas veem brechas para insistir nesse ponto. A base do governo Bolsonaro também avaliou que Pacheco deixou claro, em uma entrevista nesta quarta-feira, que CPIs não são sua prioridade às vésperas do período eleitoral. Pacheco disse que a prisão do ex-ministro é um fato grave, mas não é determinante para a instalação da CPI do MEC.
Nesse cenário de batalha, o posicionamento de alguns membros da bancada do PSD pode ser decisivo. Um dos senadores do partido, que teve atuação incisiva na CPI da Pandemia, Otto Alencar (BA), por exemplo, tem sofrido pressão — inclusive nas redes sociais — para assinar o requerimento. A bancada do PSD terá uma reunião para discutir o tema.