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Blog do economista Maílson da Nóbrega: política, economia e história
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Quatro ameaças, três à Petrobras e uma ao país

Ideias que circulam em Brasília poderiam causar fortes perdas financeiras à estatal e acarretar o desabastecimento de combustíveis no mercado interno

Por Maílson da Nóbrega 26 Maio 2022, 16h36

Após demitir três presidentes da Petrobras que não se submeteram à sua pressão para baixar artificialmente o preço dos derivados de petróleo, Jair Bolsonaro parece ter chegado ao desespero com a persistência do aumento das cotações internacionais do petróleo, provocado pela guerra na Ucrânia. Começaram a surgir ideias, cujo impacto seria parecido como o decorrente do controle de preços desses produtos no governo Dilma.

Três propostas têm circulado. A primeira, a mais tresloucada, seria pura e simplesmente impor uma redução dos preços dos combustíveis, a qual tem sido defendida por parlamentares. A segunda seria estabelecer um intervalo de cem dias entre os reajustes. A terceira criaria uma banda de variação do preço internacional do petróleo (fala-se entre 85 e 125 dólares) dentro da qual não poderia haver alteração dos preços dos derivados. As três propostas impactariam negativamente nas receitas da Petrobras, podendo acarretar fortes prejuízos à empresa. As duas últimas teriam o apoio do Ministério da Economia.

Imagine, no caso do intervalo de cem dias, que a Petrobras fixasse um determinado preço e, alguns dias depois, um fato qualquer no mercado internacional provocasse uma elevação substancial nas cotações do petróleo. A empresa ficaria um longo período sem reajuste, sangrando suas finanças. Considere, no caso da banda de variação, que o valor de venda fosse fixado abaixo do equivalente a 85 dólares e que as cotações internacionais chegassem a um pouco abaixo de 125 dólares. A sangria seria semelhante, talvez maior. A não ser em regimes autoritários como o da Venezuela e de países árabes, dificilmente regras como essas são estabelecidas.

Além dessas ameaças à saúde financeira da Petrobras, prejudicando acionistas privados nacionais e estrangeiros, haveria duas consequências negativas para o país. A primeira ocorreria no mercado de combustíveis. Atualmente, há cerca de 300 empresas que atuam na importação de diesel, responsáveis por cerca de 30% das compras externas. Se os preços fossem fixados segundo esses parâmetros, tais empresas incorreriam em prejuízo e por isso desistiriam do negócio. Haveria queda no suprimento de diesel, o que poderia desorganizar o sistema de transporte, inclusive de safras. Haveria impacto inflacionário relevante. A segunda consequência seria criar perdas financeiras para os produtores de etanol, cujos preços variam em linha com os dos derivados de petróleo. Na era Dilma, muitas delas não puderam sobreviver ao controle de preços e faliram, provocando demissões e queda de oferta do produto.

Surpreende o citado apoio da equipe econômica às duas medidas de restrição ao reajuste de combustíveis. O próprio ministro Paulo Guedes defendeu publicamente que a Petrobras espaçasse os períodos de mudança nos seus preços. Essa equipe, tida como liberal, será inscrita entre os populistas que causaram danos ao país, caso se confirme seu apoio às ideias reprováveis que estariam sendo discutidas em Brasília.

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