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Por Coluna
Blog do economista Maílson da Nóbrega: política, economia e história
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Previdência: o governo não pode recuar antes do tempo

Ao admitir que pode aceitar alterações em partes da reforma, o presidente enfraquece a posição negociadora do governo e despreza os riscos de fracasso

Por Maílson da Nóbrega 28 fev 2019, 16h27

Em reformas complexas e polêmicas como é a da Previdência, o governo precisa dispor de um leque de estratégias, que incluem a preparação da proposta, a forma de lidar com os grupos contrários à medida, a comunicação para convencer a maioria, as negociações com o Congresso, os pontos inegociáveis e aqueles nos quais se pode ceder sem colocar em risco os objetivos básicos.

O governo não pode ceder ou sugerir que vai ceder logo na partida, mas é o que fez o presidente Jair Bolsonaro, em encontro com jornalistas, segundo o jornal Valor. Ele disse ser possível uma mudança na idade mínima para aposentadoria das mulheres, que na proposta está prevista em 62 anos (65 anos para homens).

Ainda segundo o jornal, o presidente também admitiu que pode ser alterada a regra para o Benefício de Prestação Continuada (BCP). Haveria, no dizer dele, “gordura”. Hoje, o BCP é de um salário mínimo e beneficia idosos pobres a partir dos 65 anos. Na proposta, o valor seria de R$ 400 reais, concedido a partir de 60 anos. O valor de um salário mínimo só beneficiaria os que completassem setenta anos.

O presidente não poderia admitir explicitamente que existe “gordura” na proposta. Nem admitir que aceita alterações nos seus parâmetros e valores, antes mesmo do início da tramitação da reforma na Câmara dos Deputados. Isso enfraquece a posição negociadora do governo e emite um mal sinal para o Congresso, qual seja o de que o governo pode ceder até mais do que o admitido por Bolsonaro.

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Os autores da proposta devem estar de cabelo em pé, temerosos de que novas entrevistas do presidente reduzam a capacidade da equipe econômica de resistir às investidas de parlamentares e de poderosos grupos corporativistas, que lutarão para ficar bem com seus eleitores ou para manter privilégios. Uma grande desidratação mexeria com as expectativas do mercado o poderiam gerar quedas graves de confiança, com sérias consequências negativas para o equilíbrio macroeconômico, para o controle da inflação e para o crescimento da economia.

O presidente pode ter agido por inexperiência ou pela ausência de convicção firme sobre os pontos mais duros da proposta. É tempo de controlar suas opiniões, pois o fracasso da reforma poria em risco a sustentação de seu governo, sem contar os efeitos deletérios nos campos econômico, social e político.

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