Assine VEJA por R$2,00/semana
Imagem Blog

Maílson da Nóbrega Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO

Por Coluna
Blog do economista Maílson da Nóbrega: política, economia e história
Continua após publicidade

Movimento pró-criação de empregos pode não ter futuro

A criação voluntarista de postos de trabalho pode ter méritos, mas não é assim que a economia funciona. A iniciativa é insustentável sem reformas

Por Maílson da Nóbrega Atualizado em 11 dez 2018, 10h31 - Publicado em 11 dez 2018, 10h28

Empresários simpatizantes do presidente eleito Jair Bolsonaro organizaram um movimento para criar empregos. O objetivo seria estimular a economia no início do próximo governo. Anuncia-se que alguns deles já estão criando novos postos de trabalho em resposta à iniciativa. O movimento tem seus méritos, mas a economia não funciona à base de ações voluntaristas como essa.

Denominada “empregue mais um”, a iniciativa intenta provocar uma onda de criação de empregos para animar a atividade econômica. O efeito seria uma elevação da confiança que estimularia a demanda e assim por diante, criando um círculo virtuoso capaz de animar permanentemente a economia.

Acontece que a criação de empregos depende da expansão da demanda. Criar postos de trabalho de forma voluntarista equivale a repetir, no campo do emprego, a “Lei de Say”, formulada pelo economista francês Jean-Baptiste Say há dois séculos (1808).

Para Say, a oferta criaria a sua própria demanda. Assim, se fossem criadas novas empresas, elas gerariam emprego e renda. Os novos trabalhadores teriam recursos para adquirir produtos de outras empresas e assim sucessivamente. Muita gente acreditou na ideia, mas ela foi descartada quando o economista inglês John Maynard Keynes provou, nos anos 1930, que o fator determinante da expansão da economia é a demanda e não a oferta. Na realidade, a “Lei de Say” gerava ineficiências decorrentes da má alocação de recursos. Empresas eram criadas sem justificativa econômica.

A iniciativa somente seria sustentável se o próximo governo conseguisse a aprovação da reforma da Previdência e, em seguida, de outras mudanças para melhorar o sistema tributário, promover a expansão da infraestrutura, abrir a economia e avançar em outras áreas geradoras de ganhos de produtividade. Sem isso, a economia não teria fontes de demanda para sustentar a iniciativa do movimento “Brasil 200”, lançado pelo empresário Flávio Rocha, da empresa Riachuelo.

Continua após a publicidade

Sem medidas que evitem a insolvência fiscal e promovam ganhos de produtividade, a mencionada proposta de criar empregos não se sustentará. Constituirá, na verdade, um custo adicional para as empresas, equivalente a uma perda de produtividade. Os novos empregados teriam que ser demitidos se sua contratação não correspondesse a uma necessidade efetiva de mão-de-obra.

Forçar a economia a se expandir sem base em fundamentos costuma dar errado. Foi assim no governo de Dilma Rousseff, que criou vários estímulos para a expansão do consumo, na expectativa de impulsionar a economia. Terminou gerando inflação, queda nas exportações de produtos manufaturados e aumento das importações. A iniciativa contribuiu para a provocar a maior recessão a história.

O movimento “crie mais um” pode ter repercussão, mas será efêmero caso não ocorra a expansão da demanda, a qual depende essencialmente da elevação da produtividade.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 39,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.