Decisão do STF de proibir greves deveria ir além dos policiais
Foi memorável a decisão do Supremo. Agora é preciso vedar as greves de outras categorias que prestem serviços essenciais à população
Foi memorável a decisão do Supremo Tribunal Federal de proibir greves de policiais e de outros agentes de segurança em todo o território nacional. Por 7 a 3, os ministros puseram fim a um dos maiores abusos do serviço público brasileiro. Mesmo que a Constituição proibisse a greve, os policiais realizaram inúmeros movimentos paredistas, em que puseram em risco a segurança dos cidadãos e a deles próprios. Na mais recente, a do Espírito Santo, houve aumento de crimes durante a paralisação.
A corporação da segurança, que rivaliza com a da educação como a mais poderosa força de pressão do país, para obter vantagens em favor de seus membros, utilizou a greve para conseguir aumentos de salários e outros benefícios de escassa justificativa e não raramente acima das possibilidades dos orçamentos dos estados. Hoje, mais de 90% dos policiais se reformam com menos de 50 anos. Em alguns estados, há mais coronéis reformados do que no serviço ativo.
A medida moralizadora poderia inspirar nossos governantes a ir além. Há outras categorias que infligem sérios danos à sociedade. O caso mais evidente é a dos professores do setor público, que passam meses em greve todos os anos. Os alunos ficam privados da regularidade das aulas e de aprender no momento certo. A maioria deles pertence às classes menos favorecidas, pois os ricos e a classe média alta frequentam escolas particulares.
A proibição de greve deveria ser aplicada também aos trabalhadores dos meios de transporte de massa. Trata-se de serviço essencial à população. Eles se acostumaram a entrar em greve praticamente todos os anos, como é o caso dos metroviários de São Paulo. A paralisação prejudica milhões de trabalhadores que não conseguem chegar ao trabalho ou retornar para casa. Muitos são obrigados a recorrer a taxis para cumprir suas obrigações ou ir ao médico ou a hospitais, o que implica, além do transtorno, custos que pressionam orçamentos já limitados.
A lista poderia ser ampliada para outras profissões que atuam em serviços públicos essenciais.