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O uso excessivo do sal faz nossa saúde pagar uma conta salgada

Mesmo uma pequena redução no consumo consegue produzir benefícios ainda mais pronunciados em hipertensos, negros e idosos.

Por Ieda Jatene
14 fev 2022, 17h48

Quando falamos nos malefícios do consumo excessivo de sal, o primeiro ponto a esclarecer é que sódio e sal não são sinônimos: o sal é o ingrediente culinário que mais contém sódio em sua composição (40%) e é ele, portanto, o grande vilão desta história. É responsável pela elevação da pressão arterial que, por sua vez, é uma das causadoras das doenças cardiovasculares.

Enquanto a Organização Mundial da Saúde preconiza que a uso máximo de sal por dia não deve ultrapassar 5 gramas de cloreto de sódio (sal de cozinha) ou 2 gramas de sódio, o brasileiro consome o dobro: são quase 10 gramas diárias per capta, sendo que os homens saem na frente, com 9,63 gramas e as mulheres chegam em 9,08 gramas.

De acordo com as Diretrizes Brasileiras de Hipertensão, em pacientes com hipertensão arterial resistente, a redução de sódio deve ser ainda mais radical. É o caso das pessoas obesas e não por sem razão: mais de 70% dos hipertensos têm sobrepeso e obesidade. Outro dado é que, ao ganharmos peso, existe a tendência de a pressão subir naturalmente.

Da mesma forma, os negros, idosos e obesos são mais “sal-sensíveis”, mais suscetíveis às doenças provocadas pelo consumo em demasia e, portanto, a restrição deve ser ainda mais rígida nestes grupos populacionais. Já na outra ponta da tabela, as crianças, apesar de não estarem no grupo de risco para as patologias desencadeadas pelo sal, devem ser contempladas pela educação alimentar desde cedo, com oferta de pratos mais saudáveis e menos salgados.

Cortar o sal pela raiz

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A melhor contraprova dos malefícios do sal é o impacto positivo que a diminuição provoca no organismo, com notável efeito hipotensor: mesmo uma pequena redução consegue produzir benefícios para a saúde ainda mais pronunciados em hipertensos, negros e idosos.

Os profissionais do departamento de Nutrição da Sociedade de Cardiologia do estado de São Paulo (SOCESP) lembram que somente retirar ou controlar o sal não torna sua alimentação “amiga do coração”. Para isso, precisamos dos cardioprotetores. A dieta DASH é um caminho para quem quer não só conter o sal, mas ganhar uma alimentação mais rica: legumes e verduras, grãos integrais, leite e derivados desnatados, gorduras boas, como castanhas e azeite de oliva, e peixes, frango e cortes magros de carnes vermelhas.

Para fazer da comida uma aliada a sugestão é aumentar o cardápio in natura e diminuir os industrializados, nos quais o sal prevalece, os famosos ultra processados, aqueles que têm adição de gordura, sódio, açúcar, entre outros aditivos. Lembrar sempre de ler os rótulos dos alimentos.

Potássio é o mocinho

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De maneira inversa, o aumento nos níveis de potássio reduz a hipertensão e combate os efeitos nocivos que o excesso de sal provoca porque expulsa o sódio do corpo.  O potássio está presente nas frutas, vegetais, leite e derivados e também no feijão que, aos poucos, vai sumindo do prato do brasileiro, o que não deveria acontecer.

Além das iniciativas individuais, há campanhas ativas oficiais junto à indústria alimentícia em prol da redução do teor de sódio dos alimentos para combater esta epidemia salgada. Nos Estados Unidos, a campanha, lançada no final do ano passado, para reduzir o sal é forte e os norte-americanos consomem bem menos do que nós: 3.300 miligramas de sódio e querem baixar em 30% este nível com a ação. Já no nosso vizinho Uruguai, onde o índice de hipertensos é um dos maiores do mundo, uma lei de 2014 proíbe saleiros nas mesas dos restaurantes para inibir a adição. Uma medida simples, mas que evita salgar por impulso. E pode salvar o coração.

Artigo escrito em colaboração com Carlos Alberto Machado que é cardiologista, assessor científico da SOCESP e um dos autores das Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial

Letra de Médico - Ieda Jatene
(./.)

 

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