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Na pandemia do coronavírus, o Brasil não pode perder esta boa notícia

Revista científica comprova que no Brasil houve uma rápida redução na mortalidade por doença cardiovascular nos últimos 25 anos

Por João Fernando Monteiro Ferreira
10 abr 2020, 13h34

Por João Fernando Monteiro Ferreira, presidente da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo – SOCESP

A doença cardiovascular é a principal causa de morte no mundo, principalmente em países de baixa e média renda. Há ainda o impacto em internações hospitalares, perda de produtividade no trabalho, aposentadoria precoce e em despesas do sistema de saúde (público e privado) e na seguridade social. No Brasil, as doenças cardiovasculares continuam matando mais que câncer, doenças respiratórias e mortes violentas, tanto entre homens como em mulheres.

Algumas estratégias para transformar essa realidade são bem conhecidas, como promover o diagnóstico e o controle da hipertensão arterial (pressão alta), hipercolesterolemia (colesterol alto), diabetes, obesidade e o estimulo a atividade física, hábitos alimentares saudáveis e a interrupção do tabagismo.

Nas últimas décadas, o governo e as sociedades médicas cientificas, como a Sociedade Brasileira de Cardiologia e a Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo (SOCESP), vêm aplicando ações na tentativa de reduzir a morte cardiovascular. A SOCESP tem desenvolvido estudos epidemiológicos para mapear a doença cardiovascular e seus fatores de risco possibilitando a criação de políticas públicas de prevenção efetivas A entidade também desenvolve campanhas para o público leigo e atinge milhares de profissionais de saúde com a organização de eventos para a difusão de conhecimento e capacitação. Não é por acaso que o slogan permanente do nosso congresso é “reduzindo a mortalidade por doenças cardiovasculares”.

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A boa notícia para a cardiologia e população brasileira foi a publicação neste mês de março na revista Circulation, uma das mais importantes publicações médicas mundiais, de um artigo que apresentou a evolução e as tendências da mortalidade cardiovascular nos países que compõem o BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China) nos últimos 25 anos. Os autores apresentam que, embora tenha havido reduções na mortalidade por doenças cardiovasculares nos países do BRIC, estes ficaram para trás dos Estados Unidos. Porém, há a “notável exceção do Brasil” (expressão dos autores), que se destacou pela rápida redução na mortalidade por doença cardiovascular em todas as faixas etárias. Sugerem que o exemplo do Brasil, com políticas de saúde de prevenção associadas a ações sobre os determinantes da enfermidade, pode reduzir os impactos da doença cardiovascular nos aspectos epidemiológicos e econômicos. Apesar de nos alegrarmos com estes resultados, há a certeza que ainda temos muito o que trabalhar no cuidado da saúde cardiovascular e vidas a serem salvas.

Esta boa notícia para a saúde cardiovascular tende a passar despercebida neste momento no qual as previsões da quantidade de pacientes, velocidade de propagação e a duração da infecção por coronavírus façam que toda a atenção esteja voltada para a pandemia. Mas é importante destacar as relações entre o coronavírus e a doença cardiovascular. Pacientes com doença cardiovascular, hipertensão arterial e diabetes são considerados com risco para apresentarem quadros mais graves da doença e morte, daí a preocupação em proteger estas pessoas com medidas mais rígidas de isolamento social. Há também a discussão sobre a influência de certos medicamentos habitualmente prescritos para pacientes com doença cardiovascular e a evolução dela. Importante ressaltar que, frente aos conhecimentos atuais, a orientação é que estes medicamentos não devem ser suspensos, salvo individualizada indicação médica.

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Porém, esta situação traz ainda outros desafios no cuidado do paciente com cardiopatia. Alerto que, para os próximos meses, existe a real possibilidade de dificuldades no tratamento destas pessoas pelo afrouxamento das atividades de prevenção e piora do controle destas doenças pela redução dos atendimentos ambulatoriais e realização de exames. Ainda, as restrições ao acesso aos serviços de emergência somadas a ocupação prioritária de leitos de UTI e internação para os doentes com o COVID-19 também poderão prejudicar o atendimento adequado de pacientes com evento cardiovascular agudo como o infarto e o acidente vascular cerebral.

Reforçamos a mensagem que durante o enfrentamento da pandemia do coronavírus não podemos baixar a guarda no cuidado dos pacientes cardiopatas, principalmente os que apresentem eventos agudos.

 

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