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Combinações de remédios são ótimas opções contra câncer de mama

Neste ano, foi aprovado no Brasil o tratamento com trastuzumabe deruxtecana, indicado para o câncer de mama HER-2 positivo metastático

Por Antonio Carlos Buzaid
Atualizado em 31 out 2022, 16h05 - Publicado em 31 out 2022, 15h53

É inegável que o tratamento do câncer de mama tem evoluído ao longo dos últimos anos, com surgimento de novas terapias de grande impacto, como é o caso dos inibidores de ciclina e da imunoterapia.

Nesse cenário, merece destaque uma classe de medicamentos chamada de “anticorpos conjugados a drogas” (ADCs), a qual se encontra em franca expansão no tratamento do câncer de mama, bem como de outros tumores, como o de pulmão e de bexiga.

Os ADCs são terapias compostas por um anticorpo conectado a uma quimioterapia por meio de um ligante especial. O destaque desse tratamento é que ele permite a entrega da droga de forma mais seletiva contra as células do tumor, minimizando o dano às células saudáveis. Chamamos este efeito de vetorização da quimioterapia, o qual resulta em aumento de eficácia do tratamento e redução dos seus efeitos colaterais.

A seletividade do ADC se torna possível pela ação do seu anticorpo, o qual é projetado para se conectar a receptores quase específicos presentes nas células do tumor (por exemplo, a proteína HER-2 no câncer de mama). Após a conexão, ele é internalizado pela célula, e somente nesse momento ocorre o rompimento do ligante que unia o anticorpo à quimioterapia. Isso permite que a quimioterapia seja liberada primariamente dentro da célula cancerosa, levando à morte dessa célula.

Além dessa ação direta, os ADCs mais recentes possuem também o chamado efeito bystander. Neste, a quimioterapia liberada dentro de uma célula do tumor é capaz de se difundir para as células adjacentes, o que aumenta a eficácia do tratamento. Entretanto, o efeito bystander resulta também em aumento dos efeitos colaterais.

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Atualmente temos disponíveis três opções de ADCs para as pacientes diagnosticadas com câncer de mama: o trastuzumabe entansina (também chamado de T-DM1), o trastuzumabe deruxtecana e o sacituzumabe govitecana.

O T-DM1 foi o primeiro ADC utilizado no tratamento do câncer de mama. Ele é composto pelo anticorpo trastuzumabe (que atua contra a proteína HER-2 do tumor) ligado à quimioterapia entansina. O T-DM1 já é utilizado há alguns anos no câncer de mama HER-2 positivo com ótimos resultados, tanto no cenário avançado após falha ao primeiro tratamento quimioterápico, quanto no cenário localizado quando há presença de doença residual na mama após um tratamento de quimioterapia feito antes da cirurgia (a chamada quimioterapia neoadjuvante).

Neste ano também foi aprovado no Brasil o tratamento com trastuzumabe deruxtecana, indicado para o câncer de mama HER-2 positivo metastático (quando o tumor acomete outros órgãos, além da mama) após falha a pelo menos uma terapia prévia contra o HER-2. O trastuzumabe deruxtecana é um ADC composto pelo anticorpo trastuzumabe combinado à quimioterapia denominada deruxtecana. Ele se mostrou mais eficaz do que o T-DM1 nesse cenário, sendo altamente ativo contra o tumor HER-2 positivo mesmo após falha a vários tipos de quimioterapia combinado com terapia anti-HER-2. Contudo, ele também apresenta maior toxicidade do que o T-DM1, sendo o efeito colateral mais relevante a inflamação do pulmão (chamada de pneumonite), que ocorre em 10 a 15% dos casos. Por isso, é necessário monitoramento com tomografia de tórax a cada 6 semanas no primeiro ano de tratamento.

Outro importante ADC é o sacituzumabe govitecana, recomendado no tratamento do câncer de mama avançado triplo-negativo (aquele sem receptores hormonais e sem a proteína HER-2) após falha a pelo menos duas terapias prévias. O anticorpo do sacituzumabe govitecana se liga na célula do tumor por meio de uma proteína chamada TROP2, expressa em grande parte dos cânceres de mama, liberando a droga SN38. Ele representa um grande avanço no tumor triplo-negativo em função da sua elevada eficácia mesmo em mulheres que já receberam muitos tratamentos com quimioterapia.

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Em suma, os ADCs representam um grande avanço no tratamento do câncer de mama. Sua alta seletividade contra as células do tumor implica em uma eficácia elevada e em uma menor toxicidade em comparação à quimioterapia pura. A expectativa é de que no futuro sejam desenvolvidos novos ADCs ainda mais eficazes e com ação contra diferentes receptores, aprimorando cada vez mais o combate contra o câncer de mama e outros tumores.

Os anticorpos conjugados a drogas são tema do novo capítulo da terceira edição do livro “Vencer o Câncer de Mama”, que acabamos de lançar. O livro está disponível para download, no portal do Instituto Vencer o Câncer – www.vencerocancer.org.br

* Com a colaboração de Jéssica Ribeiro Gomes, médica oncologista clínica da Rede Meridional (ES)

Letra de Médico - Antonio Carlos Buzaid
(./.)
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