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A cirurgia digestiva que pode controlar a doença renal por diabetes

O procedimento reduz o número de pacientes que vão precisar tratamentos complexos e a mortalidade pelo problema

Por Ricardo Cohen
Atualizado em 31 jul 2020, 13h08 - Publicado em 31 jul 2020, 11h38

Segundo a Vigilância de Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (VIGITEL), em sua última edição de 2019, houve um aumento de 35% da incidência de diabetes do tipo 2 (DT2) nos últimos dez anos. Também durante esse período, o inquérito telefônico conduzido pelo Ministério da Saúde demonstrou que, em 2019, o Brasil atingiu a maior prevalência de obesidade nos últimos 14 anos, sendo que 55,4% da população está acima do peso.

Obesidade e diabetes tipo 2 são pandemias que os sistemas de saúde não têm conseguido vencer nas últimas décadas. Isto se tornou mais claro com a Covid-19, onde ambas doenças crônicas não controladas são responsáveis pelas formas mais graves e mortalidade em pessoas abaixo dos 60 anos.

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O diabetes tipo 2 é uma doença crônica e progressiva e causa importantes complicações como infartos e derrames, chamadas de complicações macrovasculares, e dos pequenos vasos do rim, retina e a neuropatia, denominadas de microvasculares. Tratar a doença adequadamente é prevenir mortalidade cardiovascular, cegueira, amputações de membros e insuficiência renal.

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Um recente estudo publicado pelo Centro de Obesidade e Diabetes do Hospital Alemão Oswaldo Cruz comparou a cirurgia metabólica com o melhor e mais moderno tratamento medicamentoso disponível. Os objetivos da pesquisa foram o controle da perda urinária de proteína (marcador da doença renal por diabetes), a evolução da nefropatia diabética e a redução do risco cardiovascular. Cirurgia metabólica tem como objetivo primário o controle do diabetes tipo 2 e de suas consequências, sendo a perda de peso importante, porém, não finalidade primária. FEste estudo, além do ineditismo dos objetivos, de não apenas controlar a glicemia, foi o primeiro e único até o momento que utilizou medicação antidiabética, que já comprovou efeitos sobre a mortalidade e sobre a nefropatia diabética.

A doença renal por diabetes pode progredir para estágios mais graves que somente a perda urinária de proteína (albuminúria) para a insuficiência renal crônica, diálise e transplante. A Sociedade Brasileira de Nefrologia publicou recentemente o Censo Brasileiro de diálise e os números são preocupantes. De 2013 a 2018, houve um incremento de 54,1% de casos novos, e destes, houve um aumento de portadores de diabetes e cerca 40% dos pacientes são portadores de sobrepeso e obesidade.

No estudo publicado na revista JAMA Surgery, o bypass gástrico foi mais eficaz nos primeiros dois anos de seguimento do que o melhor tratamento farmacológico em relação ao controle da albuminúria. É importante salientar que a albuminúria isolada é preditora de eventos e mortalidade cardiovascular. Em relação à doença renal, os pacientes sorteados para o grupo cirúrgico tiveram 82% de remissão, enquanto 48% dos que estavam no grupo do tratamento medicamentoso conseguiram controlar a evolução da nefropatia por diabetes.

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A diferença foi estatisticamente significativa. Em relação ao controle dos fatores de risco cardiovascular, o dobro dos pacientes do grupo submetido à cirurgia metabólica atingiu níveis normais de controle da glicemia, pressão arterial e do colesterol. Também de destaque, os pacientes operados perderam em média 25% do peso total, contra 4,5% dos tratados com os melhores remédios. Em relação à segurança, o número de efeitos adversos foi idêntico entre o grupo operado e o tratado com remédios. Isso reforça que as cirurgias metabólicas, quando realizadas por equipes experientes, são muito seguras.

O tratamento do diabetes vem melhorando a cada ano. Porém, sendo uma doença crônica e progressiva, um bom número de pacientes vai sofrer das complicações micro e macrovasculares. Esta pesquisa, com alto nível de evidência científica, é a primeira a mostrar que a cirurgia metabólica é um tratamento seguro e muito eficaz para o controle da nefropatia diabética, com o grande potencial de diminuir a sobrecarga dos sistemas públicos e privados de saúde, reduzindo consideravelmente o número de pacientes que podem necessitar de tratamentos dialíticos onerosos e com significantes números de complicações e mortalidade.

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