“O impeachment é, antes de tudo, uma questão política … Quando a Dilma assumiu o segundo mandato, ninguém ouvia mais a presidente da República. E as ruas foram enchendo de gente. (…) Só se mobilizou contra ela, porque ela estava fraquíssima. Ela chegou no chão. Então o Congresso Nacional não faz impeachment de ninguém se não for feito nas ruas, e foi o caso da Dilma. (…) Nós fomos empurrados. Eu quero revelar uma coisa que vocês não vão acreditar: toda discussão sobre o impeachment, o Partido Socialista Brasileiro, através da sua direção, não foi buscado por um presidente [do PT]. Na época, o ‘seu’ Rui Falcão, não deu um telefonema, nunca na vida, sobre isso. A presidente Dilma mandou, faltando três ou quatro dias para o impeachment, o seu ministro de Relações Institucionais para oferecer ministério [ao PSB]. Eu disse: ‘Ô [Ricardo] Berzoini, o PSB não é o PMDB. O PSB não está procurando Ministério. O PSB quer uma mudança na política econômica, que ela [Dilma] entregou a um banqueiro- o senhor [Joaquim] Levi- para fazer políticas que não têm a ver com a esquerda, nem com o governo dela, nem com as nossas ideias. Nós queremos mudança nas relações políticas, porque ela não se relaciona nem oposição, nem com a base’ — porque nós éramos base da Dilma. Nós não apoiamos ela, mas quando ela foi tomar posse, me convidou, fui lá, apertei a mão dela e ela disse assim: ‘Preciso falar com você!’ E eu disse: ‘Presidente, eu estou à disposição!’ (… ) Mas eu nunca fui chamado. Ninguém nunca chamou, ninguém nunca procurou o PSB. Nós poderíamos ter evitado. Se metade da bancada do PSB votasse contra, não teria havido impeachment.”
(Carlos Siqueira, presidente do PSB que negocia um acordo partidário com o PT, a Fabíola Cidral, Tales Faria e Josias de Souza, do UOL.)