Plano de Bolsonaro com militares é grande teste para o TSE de Moraes
Candidato à reeleição anunciou comício no Rio com engajamento das Forças Armadas
Alexandre de Moraes conseguiu aquilo que parecia impossível às vésperas dos protestos radicais do Dia da Independência, um ano atrás, comandados por Jair Bolsonaro. Moraes transformou sua posse na presidência do Tribunal Superior Eleitoral numa ampla manifestação de apoio institucional.
Anunciou justiça “célere, firme e implacável” na arbitragem do jogo eleitoral disputado por 28 mil candidatos em todo o país. Na audiência estavam Bolsonaro, Lula, Ciro Gomes, os ex-presidente Michel Temer, Dilma Rousseff e José Sarney, mais 20 governadores e 40 diplomatas. Moraes foi aplaudido de pé. Política é teatro, onde atores dizem aquilo que se acha que o povo quer ouvir, ensinou o ex-presidente Fernando Henrique, ausente por razões de saúde.
Moraes e o TSE têm pela frente um bom desafio jurídico, dentro de 20 dias, no comício que Bolsonaro prepara no Rio. Será no Dia da Independência. O comitê eleitoral do Palácio do Planalto prevê conduzir grande número de seguidores à Avenida Atlântica, em Copacabana, o que é absolutamente natural numa campanha.
O problema já enunciado está na “inovação” planejada com mobilização de infraestrutura e de recursos públicos para composição do cenário do comício do candidato à reeleição. Inclui a participação das Forças Armadas, como disse Bolsonaro, ontem, em Juiz de Fora (MG): “Teremos um movimento da Marinha na praia, nossa Força Aérea com a Esquadrilha da fumaça, nossa artilharia atirando e a banda de fuzileiros navais se fará presente”.
Vai ser um grande teste para a Justiça Eleitoral, sob o comando de Moraes, e para os comandos militares. Comício de presidente-candidato com engajamento das Forças Armadas é inédito. Talvez seja uma nova doutrina militar, a da “pazuelização” dos quartéis, inspirada em Eduardo Pazuello, general que estava na ativa quando subiu no palanque de Bolsonaro no Aterro do Flamengo. Impune, ganhou uma mesa no Palácio do Planalto.