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Informação e análise
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Pesquisas deixam Bolsonaro e aliados tensos e confusos

A esperada "virada" eleitoral sobre o adversário Lula não aconteceu e restam apenas oito dias para reverter a situação

Por José Casado Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 23 set 2022, 16h54 - Publicado em 23 set 2022, 10h00

Jair Bolsonaro e aliados estão diante de uma realidade que relutam aceitar: a esperada “virada” eleitoral sobre o adversário Lula não aconteceu e restam apenas oito dias para reverter o quadro ou reduzir a diferença.

Quarta-feira, no retorno da Assembleia da ONU, em Nova York, Bolsonaro e um dos filhos, o senador Flavio, conversaram com Valdemar Costa Neto, dono do Partido Liberal, pelo qual tenta a reeleição, o chefe-da Casa Civil Ciro Nogueira e gerentes da campanha.

O encontro ocorreu no Palácio da Alvorada, em clima tenso motivado pelo contraste das próprias análises sobre a disputa presidencial, que não são públicas, com os resultados da maioria das sondagens divulgadas.

Nunca houve tanta pesquisa sobre o comportamento do eleitorado numa disputa presidencial — somente para este mês, mais de uma centena foi registrada na Justiça Eleitoral. O problema de Bolsonaro e aliados está na divergência de dados e de conclusões.

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Das sondagens particulares recebidas pelo governo e pelos partidos Liberal, Progressistas e Republicanos — a comissão de frente do Centrão —, extraem-se interpretações otimistas de virtual empate, com diferença de até quatro pontos percentuais. Ou ainda, de avanço para o segundo turno em condições competitivas, com apenas seis pontos de distância do adversário.

No universo das pesquisas divulgadas, ampla maioria indica uma realidade eleitoral diferente, com vantagem de Lula variável entre dez e dezesseis pontos.

Essas expõem um quadro negativo para Bolsonaro com risco, ainda remoto, de sequer chegar ao segundo turno. Indicam estabilidade do candidato à reeleição num ambiente marcado por:

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* Tendência de aumento da sua rejeição entre mulheres, donas da maioria (52%) dos votos;

* Descrédito entre os mais pobres, que aparentemente desconfiam do uso político do Auxílio Brasil turbinado (de R$ 400 para R$ 600 mensais);

* Regressão no desempenho nos maiores colégios eleitorais em relação a 2018. A preferência por sua candidatura no Sudeste e no Nordeste (69% do eleitorado) segue abaixo do nível de votos válidos que obteve nessas regiões quando se elegeu quatro anos atrás.

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Da confluência de perdas e danos potenciais emerge a expectativa, também registrada nas pesquisas divulgadas, de que o adversário deve sair vencedor do primeiro turno. Há incerteza sobre se Lula terá capacidade para liquidar ou não a disputa no domingo dia 2.

O painel conflitante levou Bolsonaro e aliados a um choque de realidade. A tensão na reunião de quarta-feira, no Alvorada, condicionou a conversa sobre o rumo da política econômica — a inflação dos alimentos segue sustentando a avaliação negativa do governo pelos mais pobres.

Ciro Nogueira extravasou queixas sobre o “descompasso” na condução da política econômica. Depois, confirmou com Bolsonaro uma “licença” até a sexta-feira, dia 30, para cuidar de interesses familiares na eleição do Piauí.

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Chefe da Casa Civil era, até agora, o ministro mais envolvido na campanha de reeleição do seu chefe. Atuava como coordenador político, mas na reta final da disputa presidencial optou por retornar à sua base eleitoral. Ele é senador licenciado e tem mais quatro anos de mandato no Estado onde as pesquisas situam Lula com até 70% da preferência.

A decisão de trocar o comitê central do Planalto nessa reta final pelo escritório piauiense, confirmou a aparência de desconexão no comando da campanha de Bolsonaro, já farta em desavenças.

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(./VEJA)

Arrependeu-se. No fim da manhã desta sexta-feira (23), Ciro Nogueira recuou da “licença”, adiando para “após a reeleição do presidente”. Sobraram aliados queixosos em Teresina: “Não se faz a feira confiado em Nogueira.”

Valdemar Costa Neto pouco disse na reunião, mas registrou uma retração no cenário do Partido Liberal: encolheu sua previsão de inflar a bancada de deputados na esteira de Bolsonaro. Considera lucro se conseguir manter a atual (76).

Na discussão definiu-se uma agenda de campanha para os próximos oito dias, com destaque para três comícios no Sudeste (São Paulo, Minas e Rio) e dois em cidades da fronteira Bahia-Pernambuco.

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A melhor tradução desse clima de apreensão foi apresentada ontem, em rede social, pelo presidente da Câmara, Arthur Lira. Sem provas, ele insinuou que as pesquisas divulgadas, com resultados contrários à expectativa do governo, são “manipuladas” e pediu punições aos “institutos que erram demasiado ou intencionalmente para prejudicar qualquer candidatura”.

Lira, que é chefe do Centrão, acabou unido a Augusto Heleno, chefe do Gabinete de Segurança Institucional da presidência, que também tem insinuado conspiração para fraude eleitoral — sem provas —, e sugerido a “proibição” das sondagens de intenção de voto desfavoráveis aos interesses de Bolsonaro.

A dupla Lira & Heleno se empenha em conduzir o governo a uma nova vertente do negacionismo da ciência. Pretendem, aparentemente, promover um revisionismo da Matemática, lapidada por teóricos como Pitágoras na Grécia Antiga, e da Estatística, desenhada por Blaise Pascal e Pierre de Fermat na França de 1650.

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