No mundo de Lula, cabem dois no comando da política econômica
Candidato do PT acha a economia importante demais para ficar restrita ao revezamento entre economistas e prevê tutela política na área
Lula tem dito a empresários que, se eleito, vai entregar a condução da economia a um político. Será “político habilidoso assessorado por um grupo de experts”, acrescentou, enigmático, em entrevista a Roula Khalaf, Michael Stott e Michael Pooler, do Financial Times.
Quem conhece Lula acha que na caixa de mistérios do candidato, sobre um conjunto de ideias amplas, vagas e pragmáticas, atualmente reluz o nome de Jaques Wagner, 71 anos, senador, duas vezes governador da Bahia. Lula o nomeou ministro do Trabalho e de Relações Institucionais. A sucessora Dilma Rousseff o levou para o Ministério da Defesa e, depois, para a chefia da Casa Civil da Presidência.
Wagner é um carioca que emergiu no ativismo sindical no pólo petroquímico de Camaçari, no recôncavo baiano, no final dos anos 70. Foi numa reunião com petroleiros, na época em guerrilha trabalhista com o grupo Odebrecht, que Lula ouviu, gostou e começou a discutir a ideia de fundação de um partido político.
A escolha do responsável pela condução da política econômica é sempre relevante. No mundo de Lula, hoje, economia é importante demais para ficar restrita ao revezamento habitual entre economistas, e precisa estar sob tutela política.
Tanto que no desenho do seu eventual governo estão previstos dois ministros da área. Um será nomeado, outro vai ser quem nomeia — este já está escolhido: Luiz Inácio Lula da Silva. Só falta combinar o jogo com o eleitorado.