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Informação e análise
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Na batalha por vaga no Supremo, o derrotado é Bolsonaro

Presidente descartou o procurador-geral e o presidente do STJ, entre outros, para escolher um ex-ministro que, agora, está sob risco de rejeição no Senado

Por José Casado Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 14 set 2021, 08h00

Já foram melhores as relações de Jair Bolsonaro com Augusto Aras, procurador-geral da República.

Reconduzido por Bolsonaro ao comando da Procuradoria-Geral, Aras já recebeu aprovação do Senado, mas ainda não foi editado o ato presidencial indicando-o para novo mandato de dois anos, a partir do próximo dia 27.

Essa formalização é parte do ritual burocrático, mas por trás dela desenvolve-se uma luta pelo poder que já derivou na equidistância de Aras em relação a Bolsonaro.

O procurador-geral atravessou os últimos dois anos apostando na indicação para uma vaga de juiz no Supremo Tribunal Federal. Acabou rejeitado por Bolsonaro, que preferiu o ex-ministro da Justiça André Mendonça.

O presidente justificou a escolha pela devoção religiosa de Mendonça, por ele reconhecido como “terrivelmente evangélico”, embora religiosidade não seja critério estabelecido em lei para alguém integrar o Supremo. O Estado é laico.

Hoje, completam-se hoje dois meses da apresentação de Mendonça ao Senado como candidato ao STF. O ritual burocrático é o mesmo do procurador-geral: indicação no Diário Oficial; sabatina na Comissão de Constituição e Justiça do Senado; votação em plenário; se aprovado, formalização em novo ato presidencial.

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Mendonça foi indicado ao Supremo no dia 13 de julho e Aras na semana seguinte, no dia 20, para novo mandato na Procuradoria-Geral.

O Senado aprovou Aras um mês depois, em 24 de agosto. Mendonça até hoje não tem sequer data definida para início do processo, a sabatina na Comissão de Constituição e Justiça.

Bolsonaro não atuou para defender o predileto “terrivelmente evangélico”. E senadores de diferentes partidos acreditam que, se a votação em plenário fosse hoje, Mendonça seria rejeitado.

O problema no Senado não é Mendonça, mas Bolsonaro e a instabilidade que provoca ao insistir em fazer política pelo confronto — antes com o Congresso, agora com o Judiciário.

Nessa confusão perde em dose dupla. Não recebe aval do Senado para oficializar Mendonça no STF e assiste ao gradual distanciamento de Aras na Procuradoria-Geral.

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O chefe da PGR dá sinais de que não desistiu da luta pela vaga no STF. Ainda mantém a expectativa de ser escolhido por Bolsonaro caso o presidente decida retirar a indicação de Mendonça ou, no limite, o Senado a rejeite pelo voto, como previsto.

A luta pela vaga no Supremo está restrita aos bastidores do Palácio do Planalto. Nela, porém, Aras está em desvantagem.

Um dos filhos parlamentares do presidente, o senador Flavio Bolsonaro (Republicanos-RJ), insiste na candidatura do juiz Humberto Martins, presidente do Superior Tribunal de Justiça, em substituição ao já indicado Mendonça. Ele já frequentou a lista de indicações ao STF, se enquadra na moldura do “terrivelmente evangélico” e tem a gratidão do filho do presidente.

Martins era corregedor nacional de Justiça, um ano atrás, quando mandou investigar o juiz Flávio Itabaiana, do Rio, encarregado do inquérito das rachadinhas no gabinete do então deputado estadual Flávio Bolsonaro. Em fevereiro passado, o STJ anulou decisões do juiz Itabaiana autorizando quebras de sigilo fiscal e bancário do filho do presidente.

Martins foi outro preterido por Bolsonaro, em julho. Como Aras, perdeu para Mendonça.

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Sobram perdedores nessa silenciosa batalha política por uma vaga no Supremo. O derrotado é Jair Bolsonaro.

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