Jogo de Trump na Venezuela tem porta-aviões nuclear de US$ 13 bilhões
Se não derrubar Maduro, depois da tamanha exibição de força, Trump se arrisca a ser o comandante de um épico naufrágio político e militar no Caribe
O porta-aviões Gerald R. Ford e seis navios de escolta avançam pelo Atlântico em direção ao sul do Caribe à velocidade média de 50 quilômetros por hora. Saíram do Mediterrâneo na semana passada pelo Estreito de Gibraltar, entre a Espanha e o Marrocos.
Ele é o mais novo da frota de porta-aviões nucleares dos Estados Unidos. Nasceu ao custo de 13 bilhões de dólares — equivalentes a 70 bilhões de reais. Acaba de completar doze anos em atividade.
Vai capitanear o bloqueio americano à Venezuela. Da força-tarefa devem participar cerca de 15 mil soldados.
Aparentemente, a intervenção dos EUA para derrubar a ditadura comandada por Nicolás Maduro tem respaldo na maioria dos países latino-americanos. É o que mostra pesquisa dos grupos AtlasIntel/Bloomberg.
No papel, essa inédita mobilização de tropas no Comando Sul é para “inibir” o narcotráfico da Venezuela para o mercado dos EUA. Mas poucos levam a sério essa justificativa, porque a principal rota venezuelana no contrabando de drogas é pelo lado do Pacífico e não pelo Caribe.
Na vida real, o objetivo dos EUA é usar a pressão militar para apoiar a derrubada da cleptocracia comandada pelo ditador Maduro. Ela seria substituída por um governo mais obsequioso, sensível aos interesses das petroleiras americanas em desenvolver a indústria local de petróleo e gás.
A Venezuela é dona de um quarto da reserva mundial conhecida dessas fontes de combustíveis fósseis, mas todo o setor de óleo e gás está estagnado há duas décadas. A jazida na bacia do rio Orinoco é vizinha dos super-campos descobertos pela Exxon na costa da Guiana. O eventual domínio dos depósitos de petróleo na Venezuela e na Guiana deixariam os EUA numa posição ímpar de influência no mercado mundial.
Diplomatas do Brasil, da Colômbia e da Argentina, por exemplo, acham provável que as manobras militares americanas no Caribe só comecem, de fato, a partir da chegada do porta-aviões nuclear — no calendário, isso coincidiria com o final da reunião da ONU em Belém, onde se concentram milhares de ativistas e representantes de uma centena de países.
Não se acredita em invasão da Venezuela. Aposta-se em ações militares efetivas dos EUA em apoio a uma previsível sublevação em quartéis relevantes para o sistema de defesa do país.
Não é fácil. O condomínio de poder chefiado por Maduro foi bem-sucedido em impedir uma dezena de movimentos armados nos últimos sete anos. Mas o jogo mudou, acreditam.
Isolada, a ditadura já teve o seu ocaso atestado nas urnas e nas ruas. Além da mobilização militar americana, há incentivos adicionais à rebeldia doméstica.
Um deles é a duplicação do prêmio pela cabeça de Maduro, agora cotada a 50 milhões de dólares, o equivalente a 270 milhões de reais. É o dobro do valor da recompensa que os EUA ofereceram anos atrás por por Osama Bin Laden, arquiteto dos ataques da Al-Qaeda nos EUA no 11 de setembro de 2001.
O cenário de guerra esboçado pelo governo Donald Trump no sul do Caribe é desestabilizador para toda a América Latina. Por isso mesmo, está estimulando alguns líderes políticos regionais a se entusiasmar no resgate da retórica do anti-imperialismo. Foi o que se viu na reunião de cúpula promovida pela Colômbia no fim de semana.
Lula participou, e foi dos mais moderados. Fez críticas veladas a Trump, com quem tenta negociar o fim do bloqueio tarifário às exportações brasileiras.
Mais uma vez, porém, evitou criticar a ditadura venezuelana. Manteve-se impassível e omisso, como tem feito há duas décadas, sobre o aumento da repressão do regime de Maduro. São 1.069 presos políticos, segundo a ONG Justiça, Encontro e Perdão. Entre eles, estão 120 mulheres e crianças, de acordo com a Foro Penal.
O jogo dos EUA na Venezuela começará, de fato, na semana que vem. A chegada do porta-aviões nuclear à área próxima à costa venezuelana marca o início de uma fase decisiva em Washington. Se não derrubar Maduro, depois da tamanha exibição de força, Trump se arrisca a ser reconhecido como o comandante de um épico naufrágio político e militar no Caribe
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