Assine VEJA por R$2,00/semana
Imagem Blog

José Casado Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO

Por José Casado
Informação e análise
Continua após publicidade

Governo e Congresso tentam conter danos eleitorais da alta do petróleo

Coalizão governista, que se diz liberal, foi ao TSE pedir aval para intervir no mercado de petróleo e derivados, reduzindo preços ao consumidor

Por José Casado Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 15 fev 2022, 08h00

Dia sim, dia seguinte também, governo e Congresso reclamam de interferências do Judiciário.

Ontem, pediram aval judicial para decidir sobre a redução dos preços ao consumidor da gasolina, do diesel e do gás de cozinha.

Pode parecer estranho, mas à tarde expoentes da coalizão governista, que se diz liberal, percorreram em comitiva algumas centenas de metros até ao Tribunal Superior Eleitoral para perguntar se é permitido adotar mecanismos de controle direto ou indireto dos preços dos combustíveis nesta temporada de campanha para as eleições gerais, em outubro.

Os presidentes do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), o chefe da Casa Civil, Ciro Nogueira (PP-PI), e o advogado-geral da União, Bruno Bianco, ficaram menos de uma hora no tribunal.

Continua após a publicidade

Saíram sem respostas objetivas, quando o preço do petróleo já ultrapassava 95 dólares por barril em Nova York, consequência do conflito diplomático da Rússia com a Europa e os Estados Unidos.

Mesmo com dúvidas sobre a legalidade, o presidente do Senado decidiu levar à votação, na sessão de amanhã, um conjunto de projetos para intervenção nos mercados de petróleo e derivados.

.
Jean-Paul Prates, relator de parte das medidas no Senado: redução de R$ 0,50 no preço ao consumidor de gasolina e diesel, e de até R$ 10,00 no gás de cozinha — (Alessandro Dantas/VEJA)

O Congresso prepara um pacote de normas sobre impostos na produção de petróleo e na comercialização de combustíveis, criação de um fundo de estabilização de preços e instituição de subsídio federal para bancar a tarifa gratuita aos idosos no transporte coletivo urbano.

Pelo cálculos do senador Jeal-Paul Prates (PT-SE), relator de parte das propostas, o efeito prático de todo esse esforço legislativo seria uma redução de R$ 0,50 no preço ao consumidor de gasolina e diesel, e de até R$ 10,00 no gás de cozinha.

Em contrapartida, teme-se as sequelas de uma disputa regulatória pela renda do setor de petróleo e derivados entre governos federal e estaduais. Para cada nova regra haveria criação de outra para “consertar” problemas na cadeia de produção, distribuição e comercialização.

Continua após a publicidade

Governo e Congresso transmitem a sensação de improviso, em plena temporada eleitoral. A escalada de preços do petróleo não é, exatamente, uma novidade.

Aumentou 60,5% nos últimos 12 meses. Nas últimas quatro semanas subiu 13%.

.
(./VEJA)

Ministros e parlamentares atravessaram o último ano entretidos com outras questões, como a concessão de subsídios a empreiteiros de gasodutos, orçamento paralelo com emendas parlamentares e os bilionários fundo eleitoral e partidário. Saíram em férias de verão e agora, na volta, tentam conter os danos eleitorais com iniciativas ambíguas.

Uma das dúvidas é sobre os beneficiários de uma eventual redução de impostos — se os mais ricos, proprietários de carros, ou os mais pobres, que dependem da ajuda estatal para comprar um botijão de gás de cozinha (R$ 140 em algumas cidades).

“Pensando na queda apenas do PIS/COFINS, quase 45% dos impostos reduzidos seriam recebidos pelos mais ricos”, estima o fundo Verde, em carta aos seus investidores, donos de R$ 50 bilhões em ativos.

Continua após a publicidade

Aprovar isso, acrescenta, seria “uma afronta a qualquer decisão racional de destinação de impostos”. E lembra que, no caso dos subsídios estatais aos consumidores de diesel, “serviria claramente para acalmar a base eleitoral do presidente, que dificilmente poderia ser considerada pobre”.

A votação no Senado está prevista para amanhã, a quarta-feira que o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, acredita ser o “Dia D” da invasão russa.

Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky. 01/11/2021
Volodymyr Zelensky, presidente da Ucrânia — (Andy Buchanan/Getty Images)

Ontem, em discurso, ele incitou à mobilização nacional: “Nos dizem que o 16 de fevereiro será o dia do ataque. Vamos fazer dele um dia de união. O decreto já foi assinado. Neste dia, vamos hastear bandeiras nacionais, colocar fitas azuis e amarelas e mostrar ao mundo a nossa unidade”.

Se acontecer, o céu será o limite para os preços do petróleo. Nesse caso, governo e Congresso serão obrigados a adotar medidas de outra natureza orçamentária, mais restritivas. Com ou sem invasão da Ucrânia, o petróleo passou a condicionar o jogo nesse início de temporada eleitoral.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 39,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.