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Informação e análise
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Ciro Gomes apostou alto no ultimato ao PDT

Se ganhar, reforça a posição nas pesquisas e impõe ordem no PDT. Se perder, vai ter que decidir sobre a "suspensão" permanente da candidatura presidencial

Por José Casado Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 5 nov 2021, 19h08 - Publicado em 5 nov 2021, 08h00

Ciro Gomes apostou alto às vésperas dos 64 anos, que celebra amanhã.

Se ganhar o jogo, reforça sua posição nas pesquisas, próxima dos dois dígitos de preferência eleitoral. E conduz o PDT à ordem unida em torno da sua quarta candidatura presidencial, dando o tom de coesão e disciplina na bancada de 24 deputados federais ansiosos pela reeleição.

Seduzida pelo governo, a maioria (62%) do PDT aceitou dar 15 votos e garantir a aprovação, no primeiro turno, de uma inédita proposta de emenda constitucional: ela determina o não cumprimento de sentenças judiciais definitivas, já transitadas em julgado, e institui o calote em parte da dívida pública interna, prevista no orçamento do Judiciário para 2022.

Agenciado pelo Centrão, o governo ganhou a primeira batalha. A operação conduzida pelo deputado Arthur Lira (PP-AL), presidente da Câmara e líder do Centrão, resultou na aprovação do projeto  às 1h51m da quinta-feira por 312 votos — quatro além do mínimo necessário —, contra 144.

Ciro vislumbrou uma chance, e decidiu jogar com a crise de identidade dos partidos, que não é uma exclusividade do PDT. No placar da Câmara ficaram estampadas outras contribuições relevantes da oposição, como os votos do PSDB (71% dos 32 deputados), do PSB (31%) e as ausências do PT (15% da bancada de 52).

Quando o dia clareou, Ciro divulgou um “basta”, em redes sociais: “Justiça social e defesa dos mais pobres não podem ser confundidas com corrupção, clientelismo grosseiro, erros administrativos graves, desvios de verbas, calotes, quebra de contratos e com abalos ao arcabouço constitucional.”

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Encerrou em tom de ultimato ao partido, mas indicou a saída: “A mim só me resta um caminho: deixar a minha pré-candidatura em suspenso até que a bancada do meu partido reavalie sua posição. Temos um instrumento definitivo nas mãos, que é a votação em segundo turno, para reverter a decisão e voltarmos ao rumo certo”.

Não se pode afirmar que Ciro sabia como o PDT se comportaria na votação. É certo, porém, que o senador Cid Gomes, seu irmão, e o governador do Ceará, Camilo Santana, que é do PT, avalizaram o acordo com o governo. O Ceará tem cerca de R$ 3 bilhões a receber da União em dívidas judiciais (precatórios) acumuladas na Educação.

Em Brasília, pouco antes da votação, eles se reuniram com alguns deputados cearenses, entre eles André Figueiredo, Eduardo Bismarck, Leônidas Cristino e Robério Monteiro – todos vinculados ao clã Gomes. Além do interesse coletivo sobre o pagamento ao Estado, havia a sedução da promessa de liberação de R$ 5 milhões em emendas parlamentares para cada voto a favor da proposta de emenda constitucional.

Figueiredo, um dos mais antigos aliados dos irmãos Gomes, foi ao plenário e justificou: “Nós estamos fazendo tudo isso em prol de uma educação. Nós somos o PDT de Darcy Ribeiro, o PDT de Brizola, o PDT que sempre colocou a educação como prioridade, que sempre defendeu os professores. Nós somos o PDT que lutou pelos royalties do petróleo para a saúde e para a educação em 2013, quando muitos não apoiaram. Então, nós temos legitimidade para dizer que vamos votar favoravelmente a essa PEC dos Precatórios.”

O partido estava rachado. Carlos Lupi, presidente nacional, chegara ao Congresso anunciando um “não” ao projeto, e assistia à maioria (62%) assumindo o voto a favor do governo.

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A minoria protestava, pela voz do deputado fluminense Paulo Ramos que recitava um artigo (nº 85) da Constituição: “São crimes de responsabilidade os atos do Presidente da República que atentem contra a Constituição Federal e, especialmente, contra o cumprimento das leis e das decisões judiciais”. E repetia: “Precatório resulta de uma decisão judicial transitada em julgado.”

Se Lupi estava na Câmara como porta-voz do candidato do PDT à presidência, a derrota foi dupla. A liderança se esvaiu.

Ciro apostou alto ao vincular a manutenção da candidatura à mudança de posição do seu partido no segundo turno de votação, previsto para terça-feira. Há resistência entre os que aceitaram o acordo negociado pelo presidente da Câmara.

Se perder, vai ter que decidir sobre a “suspensão” permanente da candidatura presidencial. Poderá dizer que o PDT deu um tiro no pé ao dar um bilionário cheque em branco ao adversário Jair Bolsonaro. E, então, seguir em busca do oitavo partido de uma carreira de sucesso, iniciada em 1982 no PDS, sucessor da Arena, o esteio parlamentar do regime militar. O problema, agora, é a escassez de espaço numa etapa de liquefação político-partidária.

Resta ver qual a saída que o PDT vai oferecer a Ciro Gomes. Precisa sobreviver nas urnas e o seu candidato presidencial é competitivo, beira os dois dígitos nas pesquisas eleitorais.

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