A Lava Jato avança… no Peru
Califórnia manda extraditar ex-presidente do Peru Alejandro Toledo, acusado de corrupção em contratos da Odebrecht. Pode ser condenado a 20 anos de prisão
“A evidência criminal é suficiente”, escreveu o juiz Thomas S. Hixon, da Califórnia. Na sentença de ontem, ele declarou extraditável o ex-presidente peruano Alejandro Toledo..
Aos 75 anos, Toledo voltará ao Peru para enfrentar acusações de corrupção e lavagem de dinheiro recebido da Odebrecht, que podem resultar em até 20 anos e seis meses de prisão.
Ele presidiu o país entre 2001 e 2006. Recebeu US$ 20 milhões (R$ 106 milhões) para facilitar contratos de empreiteiras brasileiras, principalmente da Odebrecht, na construção da rodovia Interoceânica, que liga o Brasil ao Peru, e na exploração de jazidas de gás. Lavou o dinheiro na compra de imóveis em Israel, usando uma empresa da Costa Rica. É o que diz a documentação apresentada nos tribunais de Lima e da Califórnia pela versão peruana da Lava Jato.
“O caso [de Toledo] não é hermético”, escreveu o juiz americano Hixon. “Há contradições entre as duas principais testemunhas contra ele e inconsistências nas suas declarações com o passar do tempo (…) No entanto, esses problemas não anulam a causa provável de que Toledo cometeu fraude e lavagem de dinheiro.”
Ele fugiu do Peru quatro anos atrás, quando foi decretada sua prisão. Foi para Califórnia onde atuava como professor-visitante de Economia na Universidade de Stanford. Passou uma temporada de oito meses preso à espera do julgamento da extradição. Perdeu.
Toledo é o quarto ex-presidente peruano enlaçado pela Lava Jato local em negócios obscuros com a Odebrecht. Pedro Pablo Kuczynski (2016-2018) renunciou. Ollanta Humala (2011-2016) foi preso. E Alan García (1985-1990 e 2006-2011) se matou, em casa, depois de receber o mandado de prisão. A líder da oposição, Keiko Fujimori, chegou a presa, saiu se candidatou à presidência nas eleições deste ano, mas foi derrotada.
A Lava Jato avança… no Peru.