Bolsonaro e o veto ao projeto que visa coibir as fake news
As notícias falsas se tornaram, para alguns, a verdadeira argamassa da conquista do eleitorado
Nessa última terça-feira, dia 30 de junho, o Senado aprovou, com 44 votos favoráveis e 33 contrários, o projeto de lei (PL 2630/2020) que recebeu o nome de “Lei Brasileira de Liberdade, Responsabilidade e Transparência na Internet”, sendo mais conhecido como “PL das fake news”. O projeto agora será submetido à votação na Câmara dos Deputados.
Cabe registrar que o voto do senador Flavio Bolsonaro foi contrário ao aludido PL, e o presidente Bolsonaro mencionou hoje a hipótese de vetá-lo. Enfim, o controle das fake news parece não ser uma iniciativa que agrade (ou favoreça) o bolsonarismo.
Sem esmiuçar detalhes de seu conteúdo e minúcias de seu alcance, o projeto tinha, inicialmente, o escopo de combater a publicação de fake news e, ainda, responsabilizar sua produção e disseminação nas redes sociais e internet.
Com a virulência das militâncias virtuais e o ambiente político cada vez mais intelectualmente falso, fica difícil imaginar campanhas de alguns candidatos sem a possibilidade, tanto da desconstrução caluniosa dos oponentes, como da divulgação de qualidades e vantagens inverídicas sobre eles próprios.
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Clique e AssineAs fake news se tornaram, para alguns, a verdadeira argamassa da conquista do eleitorado. A regra, para um número considerável de políticos, é o jogo sujo.
Há aqueles que, com trajetória de mais de 30 anos de profunda mediocridade – em tudo que fizeram na vida – chegam aos píncaros da administração pública às custas da construção de uma imagem e de um perfil que nunca tiveram.
Desta feita, o PL é extremamente relevante pois, sem freios e sem limites legais, nas próximas eleições, nos aprofundaremos ainda mais no pântano das fake news e, aquele que melhor construir e elaborar suas inconsistências e mentiras sobre si, e mais profundamente difamar seus adversários, será invariavelmente o vencedor do pleito.
Essa situação lembra um desenho animado infantil, o Corrida Maluca, onde havia um personagem que disputava sempre a mesma corrida de automóveis, com os mesmos oponentes, e invariavelmente operava dezenas de falcatruas para vencer, mas nunca lograva a vitória. Era o Dick Vigarista.
Pois bem, se não coibirmos de alguma forma as fake news, as eleições brasileiras irão produzir repetidamente o sucesso retumbante para incontáveis Dick Vigaristas da nossa política.
Nada pior e mais negativo para uma sociedade do que assistir um trambique coroado de êxito, ou, como disse Rui Barbosa: “…ver triunfar as nulidades, prosperar a desonra, crescer a injustiça e agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus…”.