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Por Coluna
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Meia-Noite em Paris

Por Isabela Boscov Atualizado em 11 jan 2017, 16h00 - Publicado em 22 jun 2011, 19h05

Sempre é tempo

No inspirado Meia-Noite em Paris, Woody Allen entende as razões do passadismo– mas prega que se viva no presente

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No seu périplo por cidades que lhe deem facilidades para filmar, Woody Allen, que já foi definido como o cineasta nova-iorquino por excelência, agora faz paragem na França – e, assim como em suas estadas na Inglaterra e na Espanha, colhe ótimos resultados. Aliás, descontando-se a obra-prima Match Point, que ele rodou em Londres, pode-se dizer que Meia-Noite em Paris é o momento mais inspirado desta sua fase itinerante. Quem toma o lugar de alter ego de Woody agora é Owen Wilson. No papel de Gil, um bem-sucedido roteirista de Hollywood que gostaria de se tornar romancista de respeito, ele vai a Paris com a noiva (Rachel McAdams) e os milionários pais dela. Gil se apaixona pela cidade; o trio menospreza ou vê defeito em tudo: trata-se de uma gente estridente que se acha grande coisa, mas não está com nada – os três são deslumbrados a ponto de dizer que uma cadeira de 18 000 euros é uma “pechincha”, ou, na sua vertente supostamente intelectualizada, representada aqui pelo excelente Michael Sheen, misturam fatos a besteiras como se ambos fossem a mesma coisa (é ótima a cena em que ele ofende a guia turística interpretada pela primeira-dama Carla Bruni). Gil está infeliz no meio desse pessoal. Até que, certa noite, soam as doze badaladas de uma igreja e um automóvel antigo se aproxima para levá-lo àquela Paris que era uma festa, a dos escritores Ernest Hemingway e F. Scott Fitzgerald e do compositor Cole Porter, que nos anos 20 se estabeleceram ali para se deixar carregar pelos ventos criativos que sopravam na cidade.

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Não se trata de metáfora; Gil realmente passa a circular, toda noite, na companhia de um verdadeiro quem-é-quem. Hemingway (Corey Stoll) o apresenta à poeta e escritora Gertrude Stein (Kathy Bates), que se dispõe a ler o manuscrito de seu romance. O surrealista Salvador Dalí (Adrien Brody) paga a ele um copo e fala sobre as formas fascinantes dos rinocerontes. Gil sugere um roteiro ao cineasta Luis Buñuel e se espanta com o mau humor de Picasso. E fica caído pela fictícia Adriana (Marion Cotillard), que já foi amante dos pintores Modigliani e Braque.

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Gil está fascinado por se ver no meio de tal efusão de talento, e mais ainda por receber dessas pessoas uma acolhida tão amistosa. Adriana, porém, não vê no grupo nada de mais: a era de ouro parisiense, diz ela, foi outra – a belle époque dos anos 1890 e dos impressionistas. Então é assim, mostra Woody Allen com graça e espirituosidade: ninguém está satisfeito em seu tempo e acha sempre que perdeu o melhor da festa. Mas, com tudo que Meia-Noite tem de ligeiro, sua argumentação é complexa. Só o passar do tempo dá a medida do que é o gênio humano, e só podemos medir-nos, portanto, pelo passado. Mas, para viver, nada como o presente: porque ele é tudo que se tem – e como escorre rápido por entre os dedos dos distraídos.

Isabela Boscov
Publicado originalmente na revista VEJA no dia 22/06/2011
Republicado sob autorização de Abril Comunicações S.A
© Abril Comunicações S.A., 2011

MEIA-NOITE EM PARIS
(Midnight in Paris)
Estados Unidos/Espanha/França, 2011
Direção: Woody Allen
Com Owen Wilson, Marion Cotillard, Rachel McAdams, Corey Stoll, Kathy Bates, Tom Hiddleston, Léa Seydoux, Michael Sheen, Alison Pill, Adrien Brody, Carla Bruni

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