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Felipe Moura Brasil

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Análises irreverentes dos fatos essenciais de política e cultura no Brasil e no resto do mundo, com base na regra de Lima Barreto: "Troça e simplesmente troça, para que tudo caia pelo ridículo".

Romário falou de dinheiro aplicado na Suíça, em entrevista à Playboy, em 1995

PGR vai pedir que MP suíço investigue "suposta conta". E as supostas outras?

Por Felipe Moura Brasil Atualizado em 30 jul 2020, 23h59 - Publicado em 30 nov 2015, 13h45

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Este blog informa que, em entrevista de 13 páginas à edição nº 236 da revista Playboy, em março de 1995, o então jogador de futebol Romário, “resgatado” do Barcelona pelo Flamengo, revelou ter aplicações de dinheiro na Suíça.

O título da matéria de capa, oito meses após ele ajudar o Brasil a conquistar o tetra, era “Romário revela sua paixão: Eu me amo. Sou louco por mim”.

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O subtítulo da entrevista, na página interna da Playboy, era: “Uma conversa franca com o melhor jogador do mundo sobre fidelidade, egoísmo, mulheres, dinheiro na Suíça e horror a tapinha nas costas”.

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O trecho reproduzido mais adiante merece atenção depois que a gravação feita por Bernardo Cerveró indicou que o hoje senador Romário teria tido ajuda do banqueiro agora preso André Esteves para fechar uma conta secreta no BSI suíço, referente ao extrato ou “screen shot” revelado em julho deste ano por VEJA.

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Vale resumir aqui os passos de Romário desde a reportagem da revista:

1) Disse não se lembrar se tinha deixado contas abertas na Europa, do seu tempo de jogador.

2) Foi à Suíça supostamente para verificar se tinha a tal conta no BSI.

3) Disse que havia dito antes à VEJA (o que é falso) que era mentira a existência da conta.

4) Disse que o banco admitiu que nunca teve vínculos com ele (o que é falso).

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5) Disse ter documentos do MP do Brasil e da Suíça negando a existência da conta (o que é falso).

6) Na última sexta-feira, mudou de discurso, confirmando ao Globo que já teve, sim, uma conta no BSI.

7) Em seguida, pediu a Procuradoria-Geral da República que provoque o MP da Suíça a investigar a “suposta conta” referente à matéria de VEJA (quando a PGR, na verdade, já estava decidida a investigar).

O pedido de cooperação, segundo o Estadão, será enviado nos próximos dias para Berna.

Diz o jornal: “A PGR quer saber dos suíços o que existe de fato como extratos dessa suposta conta. Berna, se aceitar o pedido, tem o poder de exigir que o BSI abra seus dados e explique em que época o senador teria mantido dinheiro depositado na Suíça.”

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Na entrevista de vinte anos atrás, Romário não citou especificamente o BSI, mas mostrou como cuidava pessoalmente do seu dinheiro aplicado na Suíça.

Para quem agora diz que não se lembra quando sua alegada conta naquele banco foi fechada, e que ela pode ter sido fechada automaticamente por falta de movimentação, é um tanto cômico ver Romário falando à Playboy de uma certa aplicação que “só sai quando eu determino, só eu tenho o código, então para que eu vou ficar preocupado? A segurança é 100%, não tem como errar”.

Veja o trecho:

PLAYBOY – Como é que você lida com dinheiro, como escolhe as aplicações?

ROMÁRIO – Dinheiro para mim é muito fácil: é receber, aplicar numa coisa segura, que você sabe que não corre risco nenhum.

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PLAYBOY – Você cuida disso pessoalmente? Na Europa, como lidava com o dinheiro?

ROMÁRIO – A situação na Europa é muito cômoda: você liga pro banco…

PLAYBOY – Que banco?

ROMÁRIO – Na Suíça. “Qual a melhor aplicação?” Tal. “Que nível de segurança?” Total. “Quanto que dá?” Tanto. “E a outra?” Tanto. “Então aplica nessa.” Entendeu ou não?

PLAYBOY – Que tipos de aplicação?

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ROMÁRIO – Ações, um tipo de renda fixa…

PLAYBOY – Com que rendimentos?

ROMÁRIO – Existem muitas aplicações, mas uma que te dê mais de 12% ao ano é quase impossível. Se aparecer alguém que te dê 18%, abra o olho.

PLAYBOY – Você sabe exatamente quanto tem aplicado?

ROMÁRIO – Tenho que saber. Mas sabe de uma coisa? Eu não sou obcecado por dinheiro. O dinheiro faz falta, é importante para todo mundo, mas eu não sou de ficar a cada dia, nem a cada semana, nem a cada quinze dias ligando para saber com quanto eu estou. Tenho uma aplicação de um ano, por exemplo. Só sai quando eu determino, só eu tenho o código, então para que eu vou ficar preocupado? A segurança é 100%, não tem como errar. 

PLAYBOY – O que se diz que você ganhava no Barcelona correspondia à verdade? Dois milhões de dólares por ano?

ROMÁRIO – Isso é você que está dizendo.

PLAYBOY – Não, isso já saiu publicado.

ROMÁRIO – Olha, esse é um assunto particular. Se eu disser que ganhava ou ganho 100, vão dizer: “Ele está falando isso pra quê?” Se eu disser que ganhava 1, não vão acreditar. Mas não é nem isso, é que é uma coisa minha, ninguém precisa ficar sabendo, entendeu ou não? Dinheiro é uma coisa complicada. Quanto mais você tem, mais problemas aparecem. Por outro lado, quanto mais você ganha, mais tranquilidade é possível ter no futuro. Ainda mais ganhando honestamente, com teu trabalho. Não tem coisa melhor.

A propósito:

Uma coisa é o dinheiro ser ganho honestamente, outra é ser aplicado ou não de acordo com as leis.

Se o dinheiro em algum momento não tiver sido declarado à Receita, por exemplo, obviamente não se trata de “uma coisa minha” que “ninguém precisa ficar sabendo”.

Muita coisa aconteceu na vida de Romário depois que ele largou o futebol. As autoridades têm de investigar agora o que aconteceu com as suas “supostas” contas suíças também.

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Em setembro de 1999, a declaração de Romário sobre o dinheiro na Suíça entrou na lista “O que eles já disseram à Playboy”, que trazia frases de personalidades

Felipe Moura Brasil ⎯ https://veja.abril.com.br/blog/felipe-moura-brasil

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