O comportamento dos petistas em relação ao escândalo do Petrolão segue igual ao que sintetizei durante o debate presidencial do SBT em que Aécio Neves (PSDB) nocauteou Dilma Rousseff (PT):
Se o PT rouba e é descoberto, o PT se vangloria de ter investigado (o que é papel da Polícia). Se seus adversários não são punidos de forma alguma, o PT os acusa de não terem permitido a investigação. Ou seja: o PT tem mérito mesmo quando comete crimes e seus adversários são culpados mesmo quando não o cometem.
É a estratégia do diabo. Mas a culpa é do PT, ele coloca em quem quiser.
Como apontou Aécio na ocasião, quem manobra no Congresso para impedir a investigação da roubalheira são na verdade os petistas, o que ficaria ainda mais claro após a eleição, como mostrou a VEJA.com na terça (11) e na quarta (12). Isto sem contar as tentativas canalhas de destruir o juiz Sergio Moro, como mostrou a edição impressa da revista.
Agora que a Polícia Federal começou a prender os dirigentes da Petrobras e das empreiteiras que compunham o chamado “clube do bilhão”, as declarações da presidente Dilma, do líder do PT na Câmara, o deputado Vicentinho (PT-SP), e do ministro da suposta Justiça, José Eduardo Cardozo, exemplificam à perfeição a estratégia do partido.
Lá da Austrália, Dilma tentou tirar mais uma casquinha do trabalho da PF, afirmando que as investigações do escândalo podem “mudar o Brasil para sempre” e que esta “é a primeira investigação efetiva sobre corrupção no Brasil que envolve segmentos privados e públicos”. Nunca antes na história “dêsti paíf”… uma presidente que sabia de tudo, segundo o doleiro Alberto Yousseff, se vangloria da punição aos corruptos que ela própria manteve em posições de comando.
Nunca antes na história da Petrobras, aliás, um chefe de setor havia ascendido sem escalas à cúpula, como aconteceu com Renato Duque em 2003, no primeiro governo Lula. Mas o ex-diretor, que reinou absoluto na diretoria de Serviços até 2012 cobrando 3% de propina para o PT e foi preso na Operação Lava-Jato depois que a PF descobriu que ele tinha contas secretas no exterior, era o escolhido do mensaleiro petista José Dirceu, com quem tinha um relacionamento antigo – e quem é Dilma para contrariar Dirceu, não é mesmo? No debate da Globo, vale lembrar que ela simplesmente se recusou a repudiar o mensalão.
Quanto aos outros, tuitei neste sábado 15:
O mesmo Cardozo que acusa adversários indeterminados de fazer o jogo político que ele próprio faz ao dizer que “A oposição não pode usar as prisões para criar um terceiro turno eleitoral” repete o discurso eleitoral de Dilma de que a sujeira não será varrida para baixo do tapete, supostamente como acontecia no passado tucano – e ainda diz a jornalistas que a presidente deu sinal verde para levar adiante as investigações, como se fosse ela de fato que mandasse na Polícia.
Não é só na eleição que os petistas fazem o diabo. A estratégia do capeta continua a todo vapor.
Felipe Moura Brasil ⎯ https://www.veja.com/felipemourabrasil