Golpes do governo no TCU, no TSE e na PGR x Conspiração silenciosa pelo impeachment de Dilma Rousseff
Segue o jogo
1) Calendário do Tribunal de Contas da União (TCU), com base em informações da Folha de S. Paulo:
a) 11 de setembro: governo entrega supostas explicações para irregularidades nas contas de 2014 e 2015;
b) Área técnica do tribunal tem uma semana para desfazer a mentirada;
c) Augusto Nardes tem mais uma, para elaborar relatório;
d) Demais ministros tem outra, para analisá-lo;
e) 7 de outubro: julgamento.
2) As duas irregularidades apontadas pelo procurador Julio Marcelo ao TCU envolvem Dilma diretamente. As outras 13, só o governo, que o advogado-geral da União, Luis Inácio Adams, finge não ser dela.
3) Bruno Dantas, um dos três ministros do TCU indicados pelo cúmplice do PT Renan Calheiros, estaria fora do país se o julgamento fosse em setembro. Seu substituto, Augusto Scherman, era tido por “duríssimo” pelo governo, que, com o prazo de mais 15 dias para explicações, garantiu que o “renanzista” Bruno terá voltado de viagem a tempo.
4) Luciana Lóssio, uma das advogadas de Dilma no TSE, disse a colegas que vai devolver o processo ao tribunal em duas semanas, segundo a Folha. Favor conferirem todas as páginas.
5) O julgamento no TSE, onde o processo deve levar mais de 6 meses, está previsto para 2016, se o Brasil ainda existir na ocasião. Ou seja: os ministros do TCU não podem amarelar.
6) O ministro Luiz Fux, do TSE, sugeriu reunir as quatro ações abertas contra a campanha de Dilma em uma só e, para alegria do governo, entregá-la à ministra petista Maria Thereza de Assis, atropelando o “severo” corregedor João Otávio Noronha, relator de duas. O nome disso é golpe. Mais um do governo do PT contra as instituições brasileiras.
7) Noronha tem até o fim de setembro para emitir seu voto sobre as duas ações que lhe cabem. Depois, voltará ao STJ e as ações ficarão a cargo de Maria Thereza. #JulgaLogoNoronha!
8) Após Janot usurpar papéis que não são dele ao pedir o arquivamento da investigação da gráfica fantasma VTPB, que recebeu R$ 23 milhões da campanha de Dilma, as reações foram as seguintes:
a) Gilmar Mendes disse que “o procurador deveria se ater a cuidar da Procuradoria Geral da República e procurar não atuar como advogado da presidente Dilma”.
b) A oposição também criticou Janot, afirmando ser “fundamental que todos cumpram o que lhes cabe, com equilíbrio e isenção” e “inconveniente seria se não o fizessem”.
c) O senador Aloysio Nunes (PSDB-SP) disse que Janot pareceu querer dar “lições de moral” à oposição, o que “não cabe na pena de um procurador-geral, cuja função é investigar indícios de crimes”.
A assessoria do Ministério Público então divulgou uma nota de cinismo exemplar, segundo a qual o parecer “foi estritamente técnico”. Mais petista, impossível.
9) A Folha apurou que o vice-presidente Michel Temer “não quer neste momento passar a imagem de conspirador e golpista mesmo nos bastidores”. Mas o jornal também apurou que, em jantar promovido por Eduardo Cunha, houve um compromisso entre aliados e líderes dos principais partidos de oposição de que os próximos passos pró-impeachment seriam dados em sigilo. Queremos crer – cegamente – que Temer esteja apenas cumprindo a sua parte.
10) Em novo comercial do PMDB, o anúncio de Temer lhe passa a imagem de futuro presidente: “O Brasil é um só, e sempre vai ser maior e mais importante do que qualquer governo”. Outro comercial, protagonizado por Moreira Franco, ainda diz: “A nação quer mudar, a nação deve mudar, a nação vai mudar”. Então tá.
11) Folha: “No jantar, aliados de Cunha que articulam uma frente suprapartidária pelo impeachment contabilizaram o apoio atual de ao menos 200 deputados pelo afastamento.” Faltam 57 para a “maioria simples” da Câmara abrir o processo, por meio da manobra de que falei aqui. Para derrubar Dilma depois, serão necessários os votos de 352 dos 513 deputados federais. Não é fácil, mas, especialmente com a reprovação das contas, a conspiração silenciosa pode avançar.
12) Cunha tem até o dia 10 de setembro para apresentar sua defesa no Supremo Tribunal Federal contra a denúncia de Rodrigo Janot. O STF decidirá se rejeita ou aceita a denúncia, o que tornaria Cunha réu no processo e desencadearia maior pressão pela sua saída do cargo na Câmara. O plano B para o impeachment de Dilma é tão sigiloso, parece, que talvez só apareça em 2018.
P.S. (para escapar do 13): Após reunião com ministros, Dilma desistiu de recriar a CPMF, em vez de desistir do mandato.
P.S. 2: O ministro José Eduardo Cardozo, ocupante da pasta da Justiça, recebeu homenagem do povo.
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Felipe Moura Brasil ⎯ https://veja.abril.com.br/blog/felipe-moura-brasil
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