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Felipe Moura Brasil

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A Olimpíada fecal: Imprensa americana aponta riscos de saúde para atletas nas águas do Rio, em 2016

A imprensa americana descobriu o esgoto olímpico brasileiro. Os atletas que competirão em modalidades aquáticas nos Jogos do Rio de 2016 terão contato com águas tão contaminadas com fezes humanas, segundo a Associated Press, que correrão o risco de ficar violentamente doentes e incapazes de seguir na competição. Uma análise da qualidade da água, encomendada […]

Por Felipe Moura Brasil Atualizado em 4 jun 2024, 22h33 - Publicado em 30 jul 2015, 07h48

0730 rio healthA imprensa americana descobriu o esgoto olímpico brasileiro.

Os atletas que competirão em modalidades aquáticas nos Jogos do Rio de 2016 terão contato com águas tão contaminadas com fezes humanas, segundo a Associated Press, que correrão o risco de ficar violentamente doentes e incapazes de seguir na competição.

Uma análise da qualidade da água, encomendada pela AP, revelou níveis perigosamente elevados de vírus e bactérias de esgoto humano em locais Olímpicos e Paraolímpicos – resultados que alarmaram especialistas internacionais e tiraram o ânimo dos atletas de vir treinar no Rio, alguns dos quais já tiveram febres, vômitos e diarréia.

É o primeiro teste global independente para vírus e bactérias nos locais olímpicos, embora o meu nariz faça testes diários por aqui e chegue ao mesmo resultado.

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Funcionários brasileiros têm a certeza de que a água é segura para os atletas, diz a AP, mas o governo não testa a presença de vírus.

Apesar de décadas de promessas oficiais para limpar a bagunça, o fedor do esgoto ainda saúda os viajantes que chegam ao aeroporto internacional do Rio de Janeiro. As praias estão vazias porque o surfe fica pesado com lodo pútrido e mortandades periódicas deixam a Lagoa olímpica, Rodrigo de Freitas, cheia de peixe podre.

“O que você tem aí é basicamente esgoto bruto”, disse John Griffith, um biólogo marinho do Projeto de Pesquisa de Água Costeira do Sul da Califórnia.

“É toda a água dos banheiros e chuveiros, e o que quer que as pessoas despejam em suas pias, tudo misturado, e está indo para as águas da praia. Esse tipo de coisa seria fechado imediatamente se fosse encontrado aqui”, disse ele.

Ah, John, como eu te entendo, meu chapa!

Mais de 10.000 atletas de 205 países são esperados em 2016 e quase 1.400 deles vão navegar nas águas próximas à Marina da Glória na Baía de Guanabara, nadar na Praia de Copacabana, e remar nas águas salobras da Lagoa.

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A AP encomendou quatro rodadas de testes em cada um desses três locais olímpicos de água, e também no do surfe da Praia de Ipanema, que é popular entre os turistas, mas onde não serão realizados eventos. Trinta e sete amostras confirmaram três tipos de adenovírus humano, bem como rotavírus, enterovírus e coliformes fecais.

O teste viral da AP, que continuará no ano que vem, não encontrou nem sequer um (hum!) local de água seguro para natação ou barco, de acordo com especialistas em recursos hídricos globais.

Em vez disso, os resultados mostraram altas contagens de adenovírus humanos ativos e infecciosos, que se multiplicam na extensão intestinal e respiratória das pessoas. Estes são vírus conhecidos por provocar doenças respiratórias e digestivas, incluindo diarreia explosiva e vómitos, mas também pode levar a doenças mais graves de coração, cérebro e outras.

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As concentrações dos vírus em todos os testes foram mais ou menos equivalentes ao observado no esgoto bruto – mesmo em uma das áreas menos poluídas, a Praia de Copacabana, onde as provas de maratona e triatlo terão lugar e onde muitos dos esperados 350 mil turistas estrangeiros poderão dar um mergulho.

Já a Lagoa Rodrigo de Freitas é um dos locais mais poluídos, com resultados que variam de 14 milhões de adenovírus por litro na parte baixa a 1,7 bilhões por litro na parte alta.

Só para efeito de comparação, especialistas de qualidade da água que monitoram praias no sul da Califórnia ficam alarmados quando veem contagens virais atingindo apenas 1.000 por litro.

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“Se eu estivesse indo competir nos Jogos Olímpicos”, disse Griffith, “eu provavelmente iria cedo para ficar exposto e construir o meu sistema de imunidade a estes vírus antes que eu tivesse de competir, porque eu não vejo como elas [as autoridades brasileiras] vão resolver este problema de esgoto.”

Nem nós, Griffith. Nem nós.

Felipe Moura Brasil ⎯ https://veja.abril.com.br/blog/felipe-moura-brasil

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