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Os segredos da preparadora de elenco que é sucesso em Hollywood

Às vésperas de desembarcar no Brasil, Ivana Chubbuck fala a VEJA sobre técnica ensinada por ela à nomes como Beyoncé e Sylvester Stallone

Por Raquel Carneiro Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 31 Maio 2022, 09h27 - Publicado em 30 Maio 2022, 17h10

Seguindo o caminho de muitos aspirantes a atores, Ivana Chubbuck se instalou em Los Angeles com a intenção de se tornar uma atriz. Não demorou para que colegas, com os quais ela ensaiava numa relação colaborativa, brigassem por um espaço em sua agenda. “Eu percebi que gostava de ensinar mais do que de atuar – e que precisava começar a cobrar por isso”, diz ela, bem-humorada, em entrevista a VEJA via Zoom. Dona de um conjunto de métodos que leva seu nome, a Técnica Chubbuck, e de uma badalada escola de atuação em Los Angeles, Ivana, hoje aos 69 anos, tem em seu currículo nomes de estrelas hollywoodianas e pode se gabar de ter treinado atuações vencedoras do Oscar, caso de Charlize Theron em Monster (2003) e Halle Berry em A Última Ceia (2001). Às vésperas de desembarcar no Brasil para uma Masterclass no Teatro Cesgranrio, nos dias 1 e 2 de junho, Ivana falou sobre sua história familiar, como funciona seu método – e como tem expandido a técnica para outras áreas de conhecimento. 

Pode explicar no que consiste seu método de preparação de elenco? As principais escolas de atuação pregam que é preciso encontrar a verdade e a profundidade da dor de um personagem e mergulhar nessa dor, encontrando também a profundidade das suas emoções. Mas todos sabemos que é chato conviver com alguém que fala muito de suas tristezas. Então imaginei: ‘se não queremos ficar perto dessas pessoas nem de graça, imagina pagando um ingresso para vê-las no cinema’. Então meu método usa a dor, mas contanto que haja o desejo de superação. 

Pode dar um exemplo? Não falo das particularidades dos meus alunos, mas vou dar o exemplo do Sylvester Stallone que falou abertamente sobre isso. Trabalhamos juntos em Creed, de 2015, no qual ele voltou ao papel do lutador Rocky Balboa pela sétima vez. Na trama, Rocky não é mais o vencedor que conhecemos. Ele perdeu tudo, seus amigos, a esposa, e ainda está doente. Então eu disse: ‘você precisa me provar que ele merece estar vivo, que é alguém por quem vamos lutar’. Ele tinha que usar suas dores para sair da lama. Na vida real, Stallone estava lidando com a perda do filho [Sage, que morreu aos 36 anos com um problema no coração]. Então buscamos algum tipo de solução e encerramento para transformar a dor dele em algo catártico, que resultou no filme. 

Sylvester Stallone em 'Creed'
Sylvester Stallone em ‘Creed’ (//Divulgação)

Quando ganhou o Oscar por Monster – Desejo Assassino, Charlize Theron lhe agradeceu. É difícil levar atores hollywoodianos a se livrarem de vaidades para uma transformação como essa da atriz que está irreconhecível no papel de uma assassina? Os bons atores, no fundo, acreditam na atuação que envolve um comprometimento total do personagem, fisicamente, emocionalmente e psicologicamente. Eles estão explorando uma parcela da humanidade, que nunca fariam se tivessem outro emprego. Foi o caso da Charlize. 

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Charlize Theron engordou 14 quilos para interpretar Aileen no filme Monster - Desejo Assassino.
Charlize Theron engordou 14 quilos para interpretar Aileen no filme Monster – Desejo Assassino. (VEJA.com/VEJA)

Beyoncé estudou com você enquanto se preparava para os filmes Dreamgirls (2006) e Cadillac Records (2008). É diferente ensinar músicos a se tornarem atores? Sim, pois a dinâmica de um músico é diferente. Um cantor faz um show para uma plateia, mas atuar é sobre se comunicar diretamente com o espectador, de forma individual e relacionável. O que eu faço é pedir para que o músico apresente duas canções que ele considera favoritas, e exploramos os sentimentos daquela letra. Depois, ele deve fazer da letra um monólogo falado. No caso da Beyoncé, seguimos por esse caminho, culminando no empoderamento da mulher negra que estava relacionado aos papéis que ela faria. Muito tempo depois, ela me ligou para falar que nossas aulas foram uma inspiração para a composição de Single Ladies

Suas palestras propõem o uso das mesmas técnicas em outras áreas da vida. Como isso funciona? Gosto de ressaltar que o que faço não é como uma terapia. Há sim ciências envolvidas, conhecimentos sobre comportamento e psicologia, mas, no fundo, a ideia é poder olhar para as suas emoções, especialmente os traumas, e escolher o caminho oposto da destruição. Coisas ruins acontecem, pessoas morrem, relacionamentos acabam. Mas como lidamos com esses momentos define nossa vida. Meu marido era alcoólatra e morreu no ano passado, eu aprendi com a morte dele. Aprendi que há muito a ser feito no tratamento de alcoólatras, que tudo que eu pude fazer por ele foi feito. Que eu não deveria levar para o lado pessoal atitudes dele que nada tinham a ver comigo. Aprendi muito também com o meu pai que foi um sobrevivente do Holocausto. Ele se mudou para os Estados Unidos e se tornou um advogado que lutou pelos direitos civis dos negros nos anos 60. Ele olhou para o trauma e pensou: ‘não vou deixar isso acontecer a outras pessoas’. E isso é inspirador. 

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