Greve dos atores: o que falta para que um acordo seja fechado?
Paralisação se aproxima dos quatro meses de duração — e ainda não há vislumbres de um fim
Depois de mais um longo dia de negociações na terça-feira, 7, o sindicato dos atores de Hollywood, o SAG-AFTRA, e a associação que representa os estúdios, a AMPTP, encerraram mais uma rodada de discussões sem acordo, prolongando a greve dos atores que está às vésperas de completar quatro meses de duração. As duas partes devem se reunir novamente nesta quarta. Mas, afinal, o que falta para que empregados e empregadores apertem as mãos e retomem a produção audiovisual americana?
O principal impasse entre as partes é a regulamentação do uso da inteligência artificial na indústria, que tem crescido a passos largos e à margem dos acordos coletivos nos últimos anos. De acordo com o Deadline, o SAG busca “proteções robustas” para os seus membros, tanto em termos de remuneração quanto de direitos de imagem relacionados à IA. A distância entre o que os atores pedem e o que os estúdios oferecem diminuiu bastante nos últimos dias, deixando as partes próximas a um acordo, mas alguns pontos ainda impedem essa concretização.
Segundo reportado pela imprensa americana, a proposta mais recente da AMPTP rejeitada pelos sindicatos permitiria aos estúdios utilizar imagens de inteligência artificial de artistas mortos sem permissão prévia do espólio ou do sindicato. Outro ponto da proposta prevê que os estúdios paguem para digitalizar a imagem dos atores com inteligência artificial, mas o sindicato reivindica que os profissionais sejam remunerados caso as imagens artificias sejam reutilizadas.
Nas redes sociais, alguns atores se posicionaram chamando a proposta dos estúdios de reutilizar digitalizações de artistas falecidos sem consentimento como a “cláusula zumbi”. O roteirista e ex-membro do conselho da WGA, David Slack, disse que a “cláusula zumbi” é “repreensível e grotesca”, e que a proposta não protege os atores da “ganância dos estúdios”. Slack acrescentou ainda que a capacidade dos estúdios de digitalizar e reutilizar as imagens dos artistas pode “eliminar milhares de empregos em nossa indústria”. Na mesma linha, uma fonte sindical anônima disse ao The Hollywood Reporter que lutar contra a proposta de IA dos estúdios é “vital para a sustentabilidade da indústria”, e que, caso aprovada, a morte dos atores seria benéfica para os estúdios, já que “eles precisariam de consentimento para os vivos, mas não para os mortos.”
A publicação também diz que, apesar da AMPTP ter dito que a proposta feita no final de semana era a sua “melhor e última oferta”, a associação concordou, na terça-feira, em modificar a forma como as propostas foram colocadas no acordo. Além da questão da inteligência artificial, que tem monopolizado as discussões, as propostas incluem ainda pagamentos residuais duplicados – que compensaria atores por trabalhos reprisados ou reutilizados – para aqueles que aparecem nos programas mais populares em serviços de streaming. Mas a proposta também enfrentou resistência de membros do sindicato, que temem que ela deixe para trás atores de programas menos populares.
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