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‘Está Tudo Bem’: a eutanásia retratada pelo diretor francês François Ozon

Cineasta observa sem julgamentos os difíceis dilemas de uma família para atender ao desejo do pai

Por Raquel Carneiro Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 4 jun 2022, 08h00

Emmanuèle (Sophie Marceau) já ouviu de tudo do pai temperamental, desde xingamentos explícitos e críticas disfarçadas de elogios até demonstrações de afeto que lhe garantiram o selo de filha favorita — competição inexistente entre ela e a irmã, mas alimentada pelo patriarca. Nessa relação de altos e baixos, Emmanuèle não esperava o sussurro ao pé do ouvido no qual o pai, debilitado após sofrer um AVC, pede a ela com calma impassível: “Quero que você me ajude a morrer”. Ao longo de Está Tudo Bem, filme do francês François Ozon, já em cartaz nos cinemas, Emmanuèle é questionada por diferentes pessoas sobre a razão pela qual não negou o pedido. “Ninguém diz não ao meu pai”, responde, resoluta.

Francois Ozon (Contemporary Film Directors)

Assim como tantos temas delicados e de profundidade abismal, a eutanásia é costumeiramente reduzida a abordagens maniqueístas: ou se é contra ou a favor dela. Ozon foge dessa armadilha. Com olhar clínico para examinar o corpo humano, habilidade que já usou para falar de erotismo ou decadência física em seus filmes, aqui o cineasta observa um homem outrora vigoroso que, aos 85 anos, perdeu sua independência — e, logo, sua dignidade. Sem um diagnóstico terminal e amparado por cuidados que só os mais ricos podem pagar, ele vê na controversa opção de encerrar a vida não uma desistência, mas uma forma de recuperar sua integridade.

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Interpretado com força acachapante por André Dussollier, o pai — que também se chama André — é uma figura peculiar. Um abastado colecionador de arte que vai da melancolia à rispidez sem mudar de marcha, ele provoca nas filhas uma montanha-­russa de sentimentos. Seu desejo de morrer acentua o amor e o ódio dessa relação, e ainda as põe diante de uma série de burocracias. Na França, a euta­ná­sia é proibida. Emmanuèle busca uma instituição de suicídio assistido na Suíça. O país é o único onde a eutanásia é legal para pessoas não terminais — e exige que as próprias estejam em condições de tomar sem ajuda a substância que encerra a vida.

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O drama é baseado na história da romancista Emmanuèle Bernheim, amiga de Ozon e filha do magnata André Bernheim — o qual pôs a família diante de dilema semelhante em 2009. No filme, o processo leva meses e cria esperanças: conforme o pai melhora e se acostuma às restrições físicas, as filhas esperam que desista de morrer. André sorri quando um jovem enfermeiro tenta dissuadi-lo, dizendo que “a vida é bela”. Para ele, no entanto, o fim também tem sua beleza.

Publicado em VEJA de 8 de junho de 2022, edição nº 2792

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Francois Ozon (Contemporary Film Directors)
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