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Por Duda Teixeira
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Se são proibidas, por que há imagens de Maomé no Islã?

As imagens mais antigas de Maomé que se tem notícia são de um manuscrito persa de 1307, guardado na biblioteca da Universidade de Edimburgo, no Reino Unido. Em uma de suas ilustrações, o profeta do Islã recoloca a pedra preta da Caaba no seu lugar depois de uma inundação, com a ajuda de membros de […]

Por Duda Teixeira Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 30 jul 2020, 21h45 - Publicado em 26 set 2016, 10h54
O profeta Maomé santifica a Caaba, em pintura da Ásia Central feita por volta do século XIV (Crédito: Ullstein bild/ullstein bild via Getty Images)

Manuscrito persa de 1307 com uma das imagens mais antigas de Maomé, em que ele aparece colocando a pedra preta da Caaba no seu lugar, ajudado por membros dos demais clãs (Crédito: Ullstein bild via Getty Images)

As imagens mais antigas de Maomé que se tem notícia são de um manuscrito persa de 1307, guardado na biblioteca da Universidade de Edimburgo, no Reino Unido. Em uma de suas ilustrações, o profeta do Islã recoloca a pedra preta da Caaba no seu lugar depois de uma inundação, com a ajuda de membros de vários clãs (foto acima).

Desse ano em diante, era comum que pessoas ricas encomendassem miniaturas para manter em casa e, assim, venerar o profeta e a Alá. As cenas mostram trechos da vida de Maomé, desde o seu nascimento até sua ascensão aos céus no lombo da criatura Buraq. Há cenas dele em batalhas e com o anjo Gabriel.

Não há imagens anteriores a essa data porque, em 1258, exércitos mongóis invadiram e destruíram Bagdá, a capital do Califado dos Abássidas. Como não restou nada da biblioteca, é impossível saber se havia desenhos de Maomé antes disso.

Olhando tudo o que foi produzido até hoje, é possível achar representações de Maomé em desenhos feitos no Afeganistão do século XVI, em manuscritos, cartões postais e quadros iranianos, em pinturas de rua no Egito e imagens do Império Otomano, do ano 1500. As imagens aparecem tanto nas vertentes xiita como sunita do Islã.

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O Corão não proíbe desenhos de Maomé em surata alguma. “O que há são dois trechos nas Hadiths em que ele condena o trabalho de artistas”, diz a teóloga Lídice Ribeiro, coordenadora do Centro de Teologia da Universidade Mackenzie, em São Paulo. “Aparentemente, não havia uma restrição quanto à representação de Maomé. O que o Corão proíbe é a representação de Deus, assim como acontece na Torá e na Bíblia”.

Como, então, explicar que terroristas em nome da Al Qaeda ataquem pessoas sob a alegação de que profanaram a imagem do profeta, como aconteceu em janeiro de 2015 na redação do Charlie Hebdo, em Paris?

Muitas das normas de comportamento em várias religiões só se tornaram rígidas recentemente. Se elas ganharam muita importância hoje é porque grupos decidiram promovê-las em algum momento por interesse próprio.

O intuito pode ser o de mostrar-se como mais puros que os demais ou para perseguir rivais.

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Esse aumento da repressão se encaixa na expansão do islamismo radical na Arábia Saudita e no Irã, com reflexos por todo o Oriente Médio. Esses dois países são os que mais financiaram grupos terroristas desde os anos 1970.

Há muitos outros exemplos de regras novas que hoje são consideradas como ancestrais, embora não tenham prevalecido no passado.

Uma delas é a de que a Arábia Saudita é a “serva dos dois lugares sagrados” (khadim al-haramain). Isso só foi introduzido pela monarquia saudita em 1986, segundo Fred Halliday, no livro 100 myths of the Middle East (University of California Press). O objetivo era se contrapor ao rei Hussein, da Jordânia, que se dizia o patrão da mesquita de Al Aqsa, em Jerusalém.

Todas as monarquias do Oriente Médio se dizem ancestrais, ritualizadas e legítimas. Mas elas são, de fato, criações do século XX”, escreveu Halliday.

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Quando o terrorista Osama bin Laden declarou guerra aos Estados Unidos porque os americanos pisaram em solo sagrado na Guerra do Golfo, ele afirmou a condição da Arábia Saudita como “terra dos dois lugares sagrados” (bilad al-haramain). Foi uma invenção dele.

Na Índia, grupos de extrema direita estão se organizando para proibir o abate de vacas em todo o país. Eles dizem que o animal é sagrado para o hinduísmo. Um dos defensores do projeto é o primeiro-ministro Narendra Modi. A regra, se instituída, ameaça principalmente os muçulmanos e cristãos, que não enxergam problema nisso e têm o costume de comer bife.

O perigo desse tipo de fenômeno, tão comum hoje em dia, é que, sob a justificativa de que a religião dos outros deve ser respeitada, pode-se agradar os radicais que mais tarde acabarão oprimindo todos os demais.

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