Pois é, pra quê?
Governo faz batalha inútil na tentativa de nomear filha de Roberto Jefferson
A carruagem da nomeação de Cristiane Brasil para o ministério do Trabalho anda a um ritmo enjoativo, porém indicativo de que no fim chegará ao termo pretendido pelo governo com a posse da filha de Roberto Jefferson com autorização da Justiça. Considerasse a causa perdida, Michel Temer já teria abandonado o ringue. Persiste devido a informações de bastidores favoráveis ao desfecho que lhe interessa. Ok, mas é de se perguntar de que vale tal batalha. Agrada a um personagem aguerrido, temido por quem muito a dever, mas desagrada ao restante do país considerando a ausência de credenciais da moça para atuar no setor no qual teria a função de preservar regras que, na prática, burla e contesta.
Ainda que sejam vencidos os advogados que aludem ao preceito constitucional (artigo 37) da moralidade no exercício da função pública, o governo não terá por isso obtido nada parecido a uma vitória. Os votos do PTB de Jefferson nem de longe asseguram a aprovação da reforma da Previdência. Portanto, é de se supor que Temer tema aquilo que o PT provavelmente se arrependa de não ter temido. É o que fica para a opinião pública; é o que lança dúvida sobre a disposição do presidente de terminar o mandato livre de suspeições de falcatruas. Do contrário, deixaria Roberto Jefferson espernear, denunciar, revelar seja o que for.
Nesse caso, para citar apenas um, abre mão da autoridade (deixa que RJ e seu PTB lhe comande o governo), vira as costas para a demanda da sociedade por condutas adequadas na função pública e, na companhia de seus áulicos provavelmente termine por contabilizar o que acredite ser uma vitória.
Nossa política nos propicia vários enganos. Entre eles aqueles atestados de inequívoca competência político/partidária/congressual de Michel Temer, MDB e companhia.