O governador de São Paulo, João Doria, ainda tem que comer muito arroz com feijão antes de dar uma volta no ex-governador de Minas, o hoje deputado Aécio Neves. Não apenas pelo arquivamento pedido de expulsão do mineiro, mas, sobretudo, pela amplitude da votação: 30 contra, 4 votos a favor e uma abstenção.
Doria chegou outro dia ao PSDB, partido que Aécio ajudou a fundar e o qual presidiu durante quatro anos, o que equivale ao controle e acesso a informações sobre métodos e financiamento das campanhas de candidatos, vários hoje no exercício de mandatos majoritários e proporcionais.
Em boa medida, assim se explica o resultado. No quesito influência interna não há termos de comparação entre um e outro. Mas não é só isso. Além de o deputado não ser o único tucano enrolado na justiça (vide Beto Richa e Marconi Perillo entre outros alvos de investigações), parte do tucanato acha que o governador paulista infla artificialmente a questão para ter uma bandeira eleitoral.
No caso, o combate a corrupção. Para ser coerente, Doria, por esse raciocínio, deveria defender outras expulsões, mas não o faz porque precisa de apoio para conseguir controlar o partido. Outro ponto apontado pelos adversários dele é a maneira como avaliou o resultado: “Uma derrota do partido, constrangido pela presença de Aécio”.
Esses oradores lembram que Doria não se preocupou com o fator constrangimento quando, durante a campanha do ano passado, correu atrás de Jair Bolsonaro aparecendo na casa dele na Barra sem ser convidado. Não foi recebido.
Não está claro ainda se a decisão da Executiva vai provocar a saída do governador, mas é certo que o prefeito de São Paulo, Bruno Covas, autor do ultimato “ou ele (Aécio) ou eu” no PSDB deve estar preparando a cerimônia do adeus. E precisa fazê-lo com alguma rapidez, pois tem pouco tempo para escolher um novo destino, uma vez que em setembro termina o prazo para os candidatos de 2020 e, como se sabe, Covas é postulante à reeleição.