Luiz Inácio Lula da Silva disse a uma plateia de sindicalistas que a maneira mais eficaz de pressionar o Congresso a aderir a pautas defendidas pelo PT seria uma ofensiva da população junto às famílias de deputados. Ir às casas dos parlamentares para “conversar” com esposas, maridos e filhos sobre os benefícios da agenda petista.
Na boca de Jair Bolsonaro tal sugestão seria qualificada como o que de fato é: assédio moral e incentivo à invasão da privacidade garantida pela Constituição. Dita a atrocidade, o PT trabalhou, com sucesso, os meios de comunicação para dar destaque a outra declaração no mesmo evento, sobre a defesa do aborto que sempre pode ser vista como uma opinião do ex-presidente a respeito de medidas em prol da saúde pública.
Bons de jogo, os petistas souberam fazer do limão a limonada. Ruins de bola, os bolsonaristas perderam a razão e a oportunidade de revidar de modo competente quando incentivaram sua tropa a reagir à proposta de Lula na base da “bala”.
Resultado: a declaração de Lula foi vista no noticiário como mera bobagem e a reação dos oponentes, com justiça, tida como incentivo ao homicídio.
Isso não apaga o fato de que o estímulo do ex-presidente ao cerco às famílias dos deputados reaviva a memória do Lula raivoso que perdeu três eleições presidenciais, arranha a maquiagem de “paz e amor” e dá um gás ao antipetismo.