Efeito bumerangue
Bloqueio dos caminhoneiros mostra como o feitiço vira contra o feiticeiro
Caminhoneiros bloqueando estradas e arruaceiros de prontidão em Brasília simbolizam a série de revezes que o presidente da República conseguiu atrair contra si nos momentos seguintes às manifestações de 7 de setembro.
Não satisfeito com as fotos de multidões nas ruas, que em tese o favoreceriam, Jair Bolsonaro fez aqueles dois discursos de pura provocação e incitação à ilegalidade e o mundo caiu na cabeça dele. Além dos pronunciamentos da institucionalidade e de vários setores da sociedade em protesto contra as palavras do presidente, há fatos adversos para o Palácio do Planalto.
São eles: o impeachment voltou à pauta, as negociações para arrumar um dinheiro no orçamento para o novo Bolsa-Família ficaram travadas, a indicação de André Mendonça para o Supremo Tribunal Federal perdeu apoio, o dólar subiu, a Bolsa caiu e o presidente do Senado decidiu devolver ao governo a Medida Provisória de liberar a disseminação de notícias falsas.
Tudo isso e mais um pouco dá uma forcinha aos protestos contra Bolsonaro marcados para o próximo domingo, 12 de setembro. Uma prova, se é que ainda o país precisasse de mais uma, de que o presidente da República não mede consequências.