Candidatos a cargos eletivos precisam vender seu peixe e, portanto, natural que imprimam toques de altivez e orgulho na exibição das próprias qualidades. A desqualificação é tarefa dos adversários. O problema é quando ultrapassam o limite para enveredar pelo perigoso terreno da arrogância.
Acontece com o PT, que atua como se Luiz Inácio da Silva já estivesse sentado na cadeira de presidente, e está acontecendo com o ex-juiz e ex-ministro Sérgio Moro, pré-candidato do Podemos à Presidência. Ele deixou de lado o estilo moderado para aderir ao modelo agressivo, na tentativa de chamar atenção do eleitorado.
Ocorre que isso pode prejudicá-lo na corrida que nesta altura ainda se dá no campo das composições políticas. Moro diz que é único capaz de enfrentar Lula e Bolsonaro, exige apoio incondicional de potenciais aliados, anuncia que se eleito retomará grandes operações policiais cujos alvos principais foram empresários e políticos.
Além disso, não deixa fresta entreaberta para uma possibilidade de recuo na candidatura. Ou seja, está se achando o último biscoito do pacote, atitude habitualmente má conselheira na política, a arte de “ajeitar” pessoas e compor interesses.
Em sua nova fase Moro lembra antigo samba de Billy Blanco, a “Banca do distinto” que alerta para os perigos da vaidade e pergunta: “Pra que tanta banca, doutor, pra que esse orgulho?”