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Mestre e doutor em Oftalmologia pela Escola Paulista de Medicina (Unifesp), é presidente institucional do Instituto Coalizão Saúde e do conselho do Hospital Albert Einstein
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Pandemia fez brasileiros apostarem em hábitos mais saudáveis

Seja qual for a relação que tínhamos com nossa saúde até a chegada da pandemia, não haverá volta ao modo como a entendíamos até março de 2020

Por Claudio Lottenberg
27 dez 2021, 10h40

Pode ser um tanto prematuro querer fazer um apanhado das consequências da pandemia de Covid-19, uma vez que não há qualquer indicação de que seu fim esteja à vista. Mas, ainda que não se possa virar de vez essa página, por mais que gostássemos de ver a pandemia terminar junto com o ano que chega ao fim, é possível fazer um balanço, ainda que parcial, desses quase dois anos e tirar algumas conclusões e lições de tudo o que se passou até aqui.

Talvez a mais evidente seja a de que a saúde é o bem mais valioso de que dispomos e um direito de todos. Seja qual for a relação que tínhamos com nossa saúde até a chegada da pandemia, não haverá volta ao modo como a entendíamos até março de 2020. Isso já foi inclusive aferido de maneira objetiva. Pesquisa de um laboratório privado feita em maio deste ano no país verificou que alimentar-se de maneira saudável (52%), envelhecer com disposição (41%), dormir bem (40%), não depender de remédios (37%) e estar com a imunidade alta (37%) ganharam posições altas nas listas de prioridades dos brasileiros. Foram ouvidas mais de 2 mil pessoas acima dos 25 anos em todo o país.

Se forem mesmo adotados por todos os que manifestaram essa intenção, melhores hábitos alimentares poderão levar, por exemplo, a uma mudança positiva no cenário da obesidade no país. A Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) mais recente, de 2019 – de antes da pandemia, portanto -, mostrava que cerca de 20% das pessoas com mais de 18 anos estavam obesas. Ao longo da pandemia, isso evoluiu: uma pesquisa do Núcleo de Pesquisas Epidemiológicas em Nutrição e Saúde (Nupens) da USP, feita com 14.259 indivíduos, mostrou que 19,7% deles tiveram aumento de peso (ao menos 2 kg). Melhorar a alimentação também teria efeitos positivos, no médio e longo prazos, sobre doenças cardíacas, hipertensão, diabetes, entre outras.

Também ficou bastante claro que a saúde mental é fator extremamente importante para nosso bem-estar. O dia a dia muitas vezes não nos deixa tempo para prestar atenção no quanto somos consumidos pelo trabalho. Com o modelo remoto, as horas de começo e fim de expediente nem sempre ficam muito claras e não raro somos acionados em horários diversos e mensagens de trabalho invadem horas de folga.

Pesquisas mostraram o custo disso. Já tratei sobre este tema neste espaço, em setembro – por ocasião da campanha Setembro Amarelo. Um artigo publicado na revista médica The Lancet Regional Health mostrou um aumento na proporção de pessoas que apresentaram algum sofrimento psicológico leve na pandemia no ano passado – não só entre adultos, como entre jovens.

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A telemedicina, que já buscava abrir caminho antes da pandemia e que, a partir de março de 2020, se tornou uma ferramenta importante para a assistência médica, conquistou seu espaço e mostrou que é recurso sem volta. Para casos em que a consulta presencial não é essencial, ficar em casa e poder falar com um médico por via remota ajudou a conter o contágio da Covid-19 e de outras doenças transmissíveis.

Quando a pandemia acabar, algumas medidas de proteção deverão ser abandonadas, como o uso de máscaras. A desobrigação já foi discutida, proposta com data para começar e depois adiada. Vale lembrar que a máscara é um aliado não só contra a Covid, mas também ajudou a diminuir a transmissão de outras doenças infectocontagiosas.

Outras medidas não só poderiam ser mantidas como incorporadas de vez no dia a dia das pessoas – como a higienização constante das mãos e o uso de álcool em gel, capaz de reduzir o risco de transmissão de tantas doenças. Para isso, claro, também será preciso resolver problemas de cobertura de saneamento básico ainda bastante graves em diversas regiões desfavorecidas do país. Acabar com a desigualdade social também passa por universalizar o tratamento de água e esgoto.

A pandemia deixará uma marca indelével na história brasileira, com os quase 620 mil óbitos decorrentes da Covid-19. Mas deixará lições, se tiver feito com que todos tomem consciência de que não há o que substitua os cuidados com a mente e o corpo. Que o novo ano seja a ocasião para que coloquemos em prática todas as resoluções que nos levem a ter uma vida com mais saúde.

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