Petistas ouvidos pela coluna admitem que muito do que vem sendo dito em discursos pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva não é prioridade do governo no atual momento, nem deve sair do papel imediatamente. Não se trata de ignorar promessas, dizem. Apenas de priorizar.
Um exemplo é a isenção de Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil. A ideia é que o assunto entre nas discussões de uma reforma tributária. Mas que, muito provavelmente, será feita de maneira fatiada. E a prioridade deve ser dada à fatia que, num primeiro momento, permita melhorar a arrecadação e a situação das contas públicas. Uma vez resolvida a questão fiscal, aí o assunto poderá subir na lista.
A segunda é a valorização real do salário mínimo. A ideia de criar um grupo de trabalho para discutir o assunto por 90 dias foi uma forma de ganhar tempo, sem deixar de dar uma satisfação à base. Ainda assim, é consenso entre petistas que o presidente vai retomar os aumentos reais anuais do piso salarial. Há no entorno de Lula a avaliação clara de que esta é uma das marcas mais importante dos governos passados do petista. A ideia é que o aumento real venha, no pior dos cenários, no ano que vem.
A terceira é uma reformulação das regras trabalhistas. Lula fala em mexer na reforma aprovada sob Michel Temer desde a campanha. Também vem sofrendo forte pressão de sindicatos, que querem a volta dos tempos em que seu caixa era abastecido pelo imposto sindical. Mas, por enquanto, a ordem é avaliar com cuidado quais temas podem de fato entrar nesse debate. Não pegaram bem, por exemplo, declarações recentes do ministro do Trabalho, Luiz Marinho, sobre alterar as normas para trabalhadores de aplicativo.
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