O plano de João Doria para curar as “cicatrizes” das prévias no PSDB
Em meio a acenos a candidatos de centro, time do governador vê alivio da pandemia e melhora nas pesquisas como chave para atrair apoio
Quem é próximo do governador de São Paulo, João Doria, agora oficialmente lançado na corrida presidencial, reconhece que as prévias realizadas pelo partido deixaram “cicatrizes permanentes”. O discurso pode até ser de união, mas a avaliação geral é a de que não haverá como remendar de fato a relação entre o grupo do governador e os apoiadores do adversário derrotado Eduardo Leite.
O time de Doria enxerga no fortalecimento da pré-candidatura nas pesquisas o caminho para garantir a adesão de outros setores da legenda ao governador. “No fim das contas, se tiver voto, o pessoal retoma a amizade na hora”, ironizou um aliado ouvido pela coluna.
Mas não faltam previsões de uma debandada dos descontentes. Como a coluna apontou na última quinta-feira, uma ala do União Brasil já se movimenta para tentar atrair Leite para o novo partido, num contraponto aos setores que torcem o nariz para Sérgio Moro. Sem contar a expectativa a respeito do futuro político de Geraldo Alckmin, que está há tempos com um pé para fora da legenda.
Para se fortalecer dentro e fora do PSDB, Doria aposta em duas frentes. A primeira é exaltar os avanços do Estado no enfrentamento da Covid. Medidas como o fim do uso de máscaras e a consolidação da vacinação são tidas como chave para melhorar a percepção junto ao eleitorado. O governador acredita que, uma vez que a população puder sentir claramente os benefícios da política de vacinação, seu desempenho nas pesquisas tende a subir.
Numa segunda frente, Dora seguirá investindo na tese de união da terceira via, com acenos aos demais candidatos de centro, como Sérgio Moro (Podemos), Rodrigo Pacheco (PSD) e Simone Tebet (MDB). Esse foi, aliás, um dos primeiros passos dados por ele após as prévias.