Na largada, Bolsonaro sobe no salto e Lula menospreza o adversário
Polarização segue dominando o cenário na largada oficial da campanha presidencial
A campanha já está na rua faz tempo, mas o jogo começa oficialmente agora. A partir de amanhã, a lei eleitoral permite que os candidatos de fato peçam votos e vão para a rua. Antes do fim do mês, vem o reforço da propaganda eleitoral no rádio e na televisão. Como todos já esperavam, a largada da corrida presidencial tem como maior marca a polarização. E o que se vê é, de um lado, um presidente que foi para o tudo ou nada e, mesmo em segundo lugar, sobe no salto. Do outro, seu maior rival ainda parece jogar parado. Custa a mexer na estratégia e menospreza o adversário, ao atribuir a ele uma espécie de voo de galinha.
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Auxílio Brasil de 600 reais, ajuda a caminhoneiros e taxistas, redução do preço dos combustíveis nas bombas. São todos fatores que de fato jogam a favor do presidente Jair Bolsonaro neste momento. Os benefícios parecem contribuir para a recuperação em algumas pesquisas. E, com a aproximação do 7 de Setembro, aliados passaram quase instantaneamente a fazer novas projeções de uma grande virada, uma disparada que o levaria rapidamente à liderança.
É, basicamente, a mesma turma que dizia lá atrás que ele estaria em primeiro lugar em todas as pesquisas até junho. Nunca aconteceu. E ainda é cedo para dizer se essa melhora das últimas semanas é persistente. Há uma ala dentro da própria campanha bolsonarista que parece enxergar o tamanho do problema. É esse pessoal que vem trabalhando por uma trégua entre Bolsonaro e o Judiciário antes do 7 de Setembro. O grupo sabe que um escorregão no discurso pode jogar por água abaixo parte do esforço dos últimos meses. Sob risco até mesmo de aumentar a rejeição do presidente.
Do lado do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, aquele discurso sobre a grande vitória no primeiro turno desapareceu até mesmo das rodinhas mais deslumbradas. Mas a campanha petista ainda parece menosprezar o possível impacto do pacote de bondades de Bolsonaro e o peso que uma melhoria na Economia pode ter na percepção do eleitor. Aliados do petista têm minimizado nos bastidores a retomada de Bolsonaro nas pesquisas. Dizem que a alta não vai se sustentar e que Bolsonaro fará uma espécie de voo de galinha, que vai terminar antes da ida às urnas.
Os petistas dizem que o presidente usou sua “última cartada” e que agora está sem munição. É com base nessa premissa que o PT parece decidido a não mexer em sua estratégia. O contraponto a Bolsonaro tem sido feito, basicamente, com a com a promessa de manter o Auxílio Brasil de R$ 600. Fora isso, o foco da campanha continuará sendo a Economia, vendendo a ideia de que a vida era melhor nos tempos de Lula. Mas os tempos de hoje são diferentes. O contexto internacional é outro. A situação das contas públicas também.
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