Lula alardeia promessas surreais de um governo milagroso e sem reeleição
Na primeira entrevista após oficializar a campanha, petista evidencia plano para limpar biografia e fazer apelo emocional ao eleitor
Não é mistério para ninguém que qualquer um que se sente na cadeira de presidente a partir de 2023 terá um desafio imenso pela frente. Assumirá um País mergulhado no aperto fiscal, pagando literalmente o preço alto da inflação. Mas o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva parece emprestar o nome do meio do seu maior adversário para fazer promessas de um governo milagroso, no qual seu desempenho será comparável ao de Juscelino Kubitschek.
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Será, segundo ele, seu último mandato. “Eu, sinceramente, não penso em reeleição. Quero um mandato com a maior competência possível”, afirmou o petista nesta quarta-feira. “E quero trabalhar em 4 anos por 40”, emendou, ao emprestar o bordão de Juscelino de “50 anos em 5”.
Lula diz ter certeza de que vai “recuperar o Brasil”, com a retomada do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e do Minha Casa Minha Vida, garantindo ainda um Bolsa Família permanente de R$ 600. A crise dos combustíveis será resolvida, a política de preços da Petrobras será revista, o PIB vai crescer, o salário mínimo voltará a avançar acima da inflação, o emprego vai aumentar. A reforma tributária, finalmente, vai sair. Isso tudo, com reservas internacionais fortes e sem teto de gastos. Afinal, amarras desse tipo são desnecessárias para um governo como o que ele vai recriar.
É promessa que não acaba mais. E esses são só alguns exemplos. Tudo isso, para ser feito em quatro anos. Esse foi o plano desenhado por Lula numa longa entrevista concedida ao portal UOL, a primeira desde que sua candidatura foi oficialmente confirmada. Essas promessas são fruto da combinação entre o projeto pessoal de Lula e da estratégia cuidadosamente calculada por sua equipe de campanha.
O projeto pessoal, como relatam com frequência a esta colunista interlocutores do petista, é limpar sua biografia. Lula, dizem os mais próximos, tem mesmo indicado nas reuniões internas que trabalha com a ideia de cumprir um único mandato. Mas, até a entrevista de hoje, ele não falava em “decisão tomada”. Apenas ressaltava nas conversas com aliados que a idade e as circunstâncias tendem a empurrá-lo nessa direção. Mas dizia que cada coisa deve ser resolvida no seu devido momento.
Mas, acima de tudo, Lula trabalha neste momento para implantar no imaginário do eleitor a ideia de que a vida era muito melhor quando ele era presidente. Que só ele será capaz de recriar aquele momento. Este é o centro da estratégia de campanha do petista. Foco na economia, no bolso e no emocional do eleitorado. Mas o Brasil que Lula vai herdar se vencer a eleição não é o mesmo que ele recebeu em 2002. Apesar do que ele próprio gosta de repetir que sim.
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