Centrão valoriza seu passe e quem vai pagar a conta é Bolsonaro
Partidos que integram a base do presidente dão demonstrações de fidelidade, mas fatura virá lá na frente
O centrão deu nesta semana ao presidente Jair Bolsonaro demonstrações incontestáveis de fidelidade. Aquela fidelidade que tem de tudo para ser eterna enquanto durar. Mas é fato que o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), comandou com mão de ferro a votação da PEC Kamikaze, arrebanhou votos, mexeu nas regras para garantir o quórum. E, assim, junto com outros partidos que integram esse grupo, entregou ao governo seu mega pacote de bondades para turbinar a campanha de reeleição do presidente.
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Mais do que assegurar o placar, o centrão neutralizou o discurso da oposição e a blindou a PEC com a decretação do estado de emergência. Em paralelo, os partidos que dão sustentação ao governo, como PP, PL e Republicanos, contribuíram para colocar uma cerejinha no bolo: ajudaram a aprovar propostas que ainda facilitam a distribuição de cestas básicas, tratores, ambulâncias e outros equipamentos. Tudo em ano de eleição.
Nos bastidores, a oposição evita o alarde e diz que aprovou o pacote de bondades porque não poderia ir contra colocar dinheiro no bolso do trabalhador em tempos de crise. Mas não é mistério para ninguém que a imensa maioria dos deputados se preocupava naquele momento com a sua própria eleição.
A campanha do maior adversário de Bolsonaro, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, repete à exaustão que não haverá tempo hábil para essas benesses afetarem de forma irreversível o resultado da eleição. Que Bolsonaro se ilude ao achar que pode “comprar o voto do eleitor”. Não é bem assim e os petistas sabem disso. Entendem o risco, mas acreditam que Lula tem condições de encarar a briga.
Mas se as previsões do time de Lula estiverem erradas e o pacote de bondades der a Bolsonaro a reeleição, o Centrão vai cobrar a fatura lá na frente. Os partidos que integram esse grupo têm se mantido fiéis ao presidente, isso apesar de ele estar atrás de Lula nas pesquisas de intenção de voto. Quanto mais arriscada a aposta, maior é o retorno esperado.
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