Microapartamentos impulsionam mercado de guarda volumes, espaço extra para o que não cabe em casa
Nos Estados Unidos, os self storage já são mais numerosos que lojas McDonald's e Starbucks somadas; há opções a partir de 1 metro quadrado
Nos últimos cinco anos, o mercado imobiliário se dedicou a produzir uma numerosa leva de microapartamentos. Desde 2010, São Paulo ganhou 26.000 deles, com menos de 40 metros quadrados, e por isso apelidados de “apertamentos”. O montante representa 18% dos lançamentos de 2014, a mais alta proporção já registrada para esse tipo de imóvel.
A tendência impulsiona um novo mercado, o de guarda tudo, ou self storage como são chamados nos Estados Unidos. São locais destinados a abrir espaço para tudo aquilo que não cabe mais nos apartamentos atuais. Com boxes de diferentes dimensões, que vão de 1 a 80 metros quadrados, caso do cardápio da Good Storage, de São Paulo, essas empresas oferecem uma solução prática para arquivar documentos, itens de valor sentimental, equipamentos eletrônicos, materiais esportivos, livros e brinquedos. É possível também deixar peças de mobiliário, como nos tradicionais guarda-móveis. Os preços começam em 74 reais mensais. Curioso notar que boa parte dos boxes é maior que muitos dos apartamentos recém-lançados.
Além da falta de espaço em casa, a nova geração de self storages considera dificuldade de se deslocar nas grandes cidade. Assim, em vez de usar galpões afastados do centro, utilizam áreas bem localizadas e de fácil acesso. “Estamos desenvolvendo unidades a partir de retrofits de imóveis sem uso e degradados”, diz Thiago Cordeiro, da Good Storage. O último endereço a entrar no cardápio da empresa é um prédio de oito andares na República, no centro da capital paulista. No mesmo quarteirão, há três empreendimentos em construção com unidades entre 22 e 65 metros quadrados — seus futuros proprietários parecem se encaixar no típico perfil de quem vai precisar de espaço extra. E olha que nem estamos falando dos menores apartamentos do mercado.
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A incorporadora Vitacon está lançando um edifício no centro da capital paulista com unidades do tamanho de uma vaga de garagem: 14 metros quadrados. Não à toa, o slogan do empreendimento é “Seu apartamento pelo preço de um carro”. Cada um custa 89.000 reais. É a menor metragem registrada nos últimos anos.
Parte desse fenômeno se explica pelo encolhimento da economia e pela dificuldade de obter crédito imobiliário. Muitas vezes o único jeito é achar uma metragem que caiba no bolso. Representa também uma tendência presente nas grandes metrópoles do mundo todo.
Nos Estados Unidos, já há mais self storages do que restaurantes McDonald’s e cafeterias Starbucks somados. No ano passado, um relatório do REJournals fez a comparação e constatou haver no país 48.500 unidades para guardar volumes pessoais, contra 14.350 lojas de Big Mac e 11.962 pontos para saborear Frappuccinos. Dados da Associação de Self Storages indicam haver, em média, 6 metros quadrados de armazenamento disponíveis para cada família americana.
Com a profusão de imóveis compactos lançados no Brasil, somada à crise econômica que obriga o consumidor rever a metragem pela qual pode pagar, a onda dos self storages ainda tem muito o que avançar por aqui.
Por Mariana Barros
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