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Caçador de Mitos

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Uma visão politicamente incorreta da história, ciência e economia
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A elite brasileira é cheia de ódio?

Por Leandro Narloch
Atualizado em 5 jun 2024, 09h52 - Publicado em 12 mar 2015, 13h56

Já foi devidamente denunciada a tentativa dos jornalistas alinhados ao governo de qualificar o panelaço de domingo como “manifestação de ódio da elite golpista”. Os marceneiros e faxineiras que vaiaram Dilma em São Paulo na terça-feira provaram que a insatisfação vai muito além das varandas gourmet. Mas se fosse verdade, se apenas os brasileiros mais ricos estivessem contra o governo, seria o suficiente para afirmarmos que a elite brasileira é cheia de “ódio de classe”?

Certamente há ricos odientos e odiosos por aí; mas em vez de evidências anedóticas é melhor confiar em pesquisas. E o que as pesquisas dizem sobre os brasileiros mais ricos e estudados é o contrário: são a parcela mais tolerante e ética da população brasileira.

A grande fonte desse assunto é o livro A Cabeça do Brasileiro, do sociólogo Alberto Carlos Almeida, de 2007. Almeida entrevistou 2 363 brasileiros e concluiu que, quanto maior a escolaridade (e a renda, já que os dois fatores são bem relacionados no Brasil), maior a tolerância entre classes e o respeito aos direitos humanos.

Quando perguntados, por exemplo, se um funcionário público deveria usar o cargo em benefício próprio, 60% dos analfabetos concordaram com a ideia, 31% entre os que têm até a quarta série e apenas 3% das pessoas com ensino superior.

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Um político que rouba pouco, mas faz muito, teria o voto de 53% dos analfabetos, 46% dos que têm até a oitava série e 25% dos que terminaram a universidade.

E o ódio entre classes? Pessoas com curso superior são mais abertas ao convívio entre classes que os menos escolarizados. Para 76% dos analfabetos, porteiros e empregados devem usar o elevador de serviço, mesmo que os moradores autorizem o uso do elevador social. Entre quem tem diploma, 72% acreditam no contrário.

O respeito aos direitos humanos também é uma bandeira mais comum na elite. Não são os com ensino superior que pedem a morte de bandidos pela polícia – apenas 17% concordam com a ideia. São os analfabetos: 40% destes apoiam a execução após a prisão.

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A tortura como método de investigação recebe apoio de 51% dos analfabetos e só de 14% dos brasileiros com diploma universitário.

Isso significa que todos os ricos do Brasil são do bem? Não: continua errado qualificar a personalidade das pessoas a partir do dinheiro que elas possuem. Mas as pesquisas contradizem os que, com fins partidários, fomentam o conflito entre classes.

@lnarloch

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