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O vídeo de 64 segundos explica por que Lula sonha com o silêncio de FHC e prova que Dilma trata a verdade a pontapés

“Eu acho que o Fernando Henrique Cardoso deveria, no mínimo, ficar quieto”, sonhou Lula em voz alta ao saber das críticas formuladas pelo antecessor que está para o Lincoln de galinheiro como a kriptonita verde para o Super-Homem. O chefe da seita no poder fala todo dia sobre tudo ─ com exceção do caso de […]

Por Augusto Nunes Atualizado em 31 jul 2020, 06h45 - Publicado em 2 mar 2013, 23h41

“Eu acho que o Fernando Henrique Cardoso deveria, no mínimo, ficar quieto”, sonhou Lula em voz alta ao saber das críticas formuladas pelo antecessor que está para o Lincoln de galinheiro como a kriptonita verde para o Super-Homem. O chefe da seita no poder fala todo dia sobre tudo ─ com exceção do caso de polícia que protagonizou ao lado de Rosemary Noronha. Mas não será feliz enquanto ouvir que a voz que o assombra desde sempre. “O que ele deveria fazer era contribuir para a Dilma governar o Brasil bem”, exigiu o palanque ambulante.

O alvo da grosseria fez muito mais do que isso: graças a FHC, tanto o sucessor quanto o poste instalado no Planalto puderam lidar com um país redesenhado pelo Plano Real. Se dependesse de Lula e do PT, o conjunto de medidas que fulminou a inflação indecente não teria existido, como prova o histórico vídeo divulgado em outubro de 2010 pelo blog do Coronel, reproduzido imediatamente por esta coluna e republicado agora na seção História em Imagens. Os 64 segundos são muito mais reveladores que 100 debates eleitorais, 400 estupros de sigilo promovidos pelo PT ou 500 dossiês fabricados pela Casa Civil, escrevi no texto que acompanha o vídeo.

Numa das cenas, os principais candidatos à sucessão presidencial de 1994 expressam opiniões antagônicas sobre o plano que acabou de nascer. Risonho, seguro, Fernando Henrique aposta no sucesso do Real. Crispado pelo ressentimento, tratando a gramática a pontapés, Lula garante que vai dar tudo errado. “O PT tem uma avaliação de que esse plano econômico é um estelionato eleitoral”, vaticina um dos piores momentos do besteirol. É compreensível que Lula odeie ouvir a voz de quem o surrou nas urnas duas vezes ─ ambas no primeiro turno.

O vídeo também atesta que, a exemplo do padrinho, a afilhada não tem compromisso com o que diz. Nesta semana, por exemplo, Dilma se juntou ao bloco dos amnésicos malandros liderado pelo chefe supremo. “Nós não herdamos nada, construímos tudo”, delirou. A frase colide frontalmente com o que se vê e ouve no trecho que eternizou o surto de honestidade sofrido pela candidata do PT durante a campanha eleitoral de 2010. “Acho que, sem sombra de dúvida, a estabilidade do Real foi uma conquista do governo Fernando Henrique Cardoso”, confessou.

FHC nem precisa dar-se ao trabalho de revidar às agressões: basta enviar uma cópia do vídeo a Lula e outra a Dilma. Os torturadores da verdade merecem rever o naufrágio que lhes foi imposto em pouco mais de um minuto.

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