O verbo que faltava
“Eu já tinha ouvisto essa notícia”, comentou o jornalista da Zero Hora que assistia ao meu lado o Jornal Nacional. Isso mesmo: ouvisto. Passado o susto, entendi que ele inventou aquele ouvisto para dizer numa palavra só que tinha ouvido a notícia e, ao mesmo tempo, visto o apresentador que a transmitia. Fazia sentido. O […]
“Eu já tinha ouvisto essa notícia”, comentou o jornalista da Zero Hora que assistia ao meu lado o Jornal Nacional. Isso mesmo: ouvisto. Passado o susto, entendi que ele inventou aquele ouvisto para dizer numa palavra só que tinha ouvido a notícia e, ao mesmo tempo, visto o apresentador que a transmitia. Fazia sentido. O que não faz sentido é alguém que diz uma coisa dessas ganhar a vida como jornalista.
Lembrei-me da história ao topar com outra extravagância que escancarou a idiotia do autor mas, para mim, fez sentido. “O medo já pertuba o sono do tucano jornalista”, acabo de ler em mais um artigo no Blog da Dilma que me condena à danação eterna. Isso mesmo: pertuba. Um segundo pertuba avisa que não foi um erro de digitação. É assim que se escreve por lá.
Passado o susto, descobri que é esse o verbo que procuro desde a infância em Taquaritinga, para expressar o que sentia entre seis e seis e meia da tarde, quando o vizinho que tocava tuba na banda municipal caprichava no ensaio diário. Naquela meia hora, eu me sentia mais que perturbado. Agora sei que ficava pertubado, do verbo pertubar, que significa “perturbar alguém com tuba”.
Essa descoberta excitante é que me mantém acordado nesta madrugada, não o medo que Dilma Rousseff inspira. Quem tem o sono permanentemente perturbado pela Mãe do PAC são os jornalistas a serviço da candidatura que Lula inventou. Todos têm pesadelos com a patroa que trata subordinados a pontapés.
A sorte do editor é que Dilma entende de português pouco mais que Lula. Há dias, por exemplo, a manchete noticiou a ocorrência de uma trajédia, com j. A dona do Blog da Anta nem percebeu. Mas o autor da delinquência atravessou a noite caçando desculpas para escapar dos gritos com que a chefe gosta de castigar marmanjos poltrões.