O histórico depoimento da ex-mulher de Valdemar Costa Neto: o vigarista internacional monoglota tinha um cofrão
No dia em que os quadrilheiros que infiltrou no Ministério dos Transportes perderam o emprego, o deputado Valdemar Costa Neto, dono do PR, perdeu a vontade de aparecer em Brasília, descobriu que precisava de férias e foi aproveitar a vida no exterior. Como é provável que só volte a circular depois de baixada a poeira, […]
No dia em que os quadrilheiros que infiltrou no Ministério dos Transportes perderam o emprego, o deputado Valdemar Costa Neto, dono do PR, perdeu a vontade de aparecer em Brasília, descobriu que precisava de férias e foi aproveitar a vida no exterior. Como é provável que só volte a circular depois de baixada a poeira, a coluna resolveu lembrar o deputado com a exibição de dois vídeos protagonizados por Maria Christina Mendes Caldeira, ex-mulher do deputado. Cada um com três minutos e meio, ambos registram alguns dos melhores momentos do depoimento de Christina na CPI do Mensalão, ocorrido em 20 de julho de 2005.
No primeiro,a depoente descreve um almoço em Taiwan, no carnaval de 2004, em que usou seus conhecimentos de inglês para traduzir a conversa entre o marido e um figurão do Ministério das Relações Exteriores daquele país. Desibinida, irônica, Maria Christina contou o suficiente para que o Brasil se espantasse com mais duas proezas dos mensaleiros. Primeira: o raio de ação dos quadrilheiros incluiu até Taiwan. Segunda: Valdemar Costa Neto é o único vigarista que deu um golpe internacional sem falar uma única palavra em qualquer outro idioma. Confiram:
O segundo vídeo registra parte do confronto entre Maria Christina e o deputado mineiro Edmar Moreira, escalado por Valdemar Costa Neto para comandar a tropa de choque do PL, que mais tarde viraria PR. Já no quarto mandato, o parlamentar do baixo clero (que só alguns anos depois ficaria conhecido nacionalmente por ter esquecido de declarar ao Fisco um castelo medieval de R$ 19 milhões no interior de Minas) conhecia alguns truques e golpes forjados para confundir, intimidar, desqualificar ou desmoralizar depoentes. Ficou grogue quando Maria Christina contou a história do cofrão do Valdemar. A certa altura, o inquisidor trapalhão pediu à depoente que apontasse alguma coisa que dissera de importante. “”O mensalão existe e o Valdemar recebia”, pegou no fígado Maria Christina.
Em 1° de agosto de 2005, o deputado renunciou ao mandato para escapar da cassação. Elegeu-se de novo em 2006 e retomou a exploração do Ministério dos Transportes. Hoje em lugar incerto e não sabido, vale a pena contemplar a figura pelo olhar de Maria Christina Mendes Caldeira.