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O fiscal da imprensa burguesa

José Dirceu ou acorda irritado com a “imprensa conservadora” ou vai dormir indignado com a “mídia golpista”, informa o blog do ex-ministro. A antipatia é antiga. Quando presidente da União Estadual dos Estudantes de São Paulo, o jovem combatente mandou pendurar na parede da sala de reuniões um aviso pouco cavalheiresco:  “Atenção, imprensa burguesa. Fique sentadinha aí”. Os repórteres […]

Por Augusto Nunes Atualizado em 5 jun 2024, 18h22 - Publicado em 18 Maio 2009, 20h59

José Dirceu ou acorda irritado com a “imprensa conservadora” ou vai dormir indignado com a “mídia golpista”, informa o blog do ex-ministro. A antipatia é antiga. Quando presidente da União Estadual dos Estudantes de São Paulo, o jovem combatente mandou pendurar na parede da sala de reuniões um aviso pouco cavalheiresco:  “Atenção, imprensa burguesa. Fique sentadinha aí”. Os repórteres encarregados da cobertura das passeatas de 1968 tinham de tratar o líder com muito cuidado. Uma pergunta que julgasse inconveniente bastava para desencadear a discurseira sobre as vantagens do socialismo revolucionário sobre o capitalismo selvagem.

A animosidade aumentou com a derrocada do superministro que chefiava a Casa Civil e, depois, com a expulsão de campo do capitão do time de Lula.  Colaborador do Jornal do Brasil, Dirceu vive caçando motivos para encolerizar-se com a turma a que se juntou. A bola da vez é a governadora gaúcha Yeda Crusius. “A imprensa nacional faz tudo para minorar e desconhecer as gravíssimas denúncias contra a governadora tucana Yeda Crusius, que mantém o Rio Grande do Sul em clima de instabilidade política praticamente desde o 1º dia em que ela chegou ao Palácio Piratini”, esbravejou há dias o ombudsman a serviço da nação.

“Nada de manchetes de 1ª página”, prossegue a análise. “O espaço interno concedido ao assunto pelos jornais ─  quando dão ─  é pequeno e até aí capricham para que essa mínima cobertura seja com títulos mornos”. Ponto, parágrafo e o golpe tremendo: “Sem falar na mais do que discreta cobertura do suposto suicídio de um dos implicados, Marcelo Cavalcante, encontrado boiando no Lago Paranoá, em Brasília, às vésperas de depor contra o governo tucano gaúcho”.

Dirceu está bravo com a imprensa por causa de fatos descobertos pela imprensa e divulgados pela imprensa.  Em 30 de julho do ano passado, por exemplo, a crise crônica que assola o governo gaúcho foi ampliada pela reportagem publicada na edição n° 2071 de Veja com o título “A Casa do Espanto”.  E Yeda Crusius resolveu processar a revista pelo impacto provocado pelas revelações divulgadas há 10 dias na edição n° 2112 de VEJA. “O caixa dois do caixa dois”, esse foi o título da reportagem que recolocou a governadora no olho do furacão e forneceu ao blogueiro informações suficientes para retomar a ofensiva. Pelo jeito, não gostou da forma nem do conteúdo. Achou pouco. Ele aprendeu o que é jornalismo independente quando se hospedou em Cuba, sabem como é.  Virou leitor do Granma, que publica rigorosamente tudo que o governo autoriza. Nada a ver com as publicações nativas, atulhadas de loiros de olhos azuis que só escrevem o que interessa à elite golpista.

“É o comportamento geral da imprensa”, ensina Dirceu. “Desde que não sejam denúncias contra o PT e o governo Lula, o espaço é esse, quase escondido. Já denúncia contra o PT… “. Atenção para as reticências. Com a sutileza de um  caminhão na subida, ele está comparando o silêncio sobre o “suposto suicida” com a barulheira feita em torno dos casos dos prefeitos Celso Daniel e Toninho do PT. O problema, avisam os três pontinhos, não foi o assassinato. Foi o partido.

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Em vez de perder tempo com críticas que os inimigos ignoram, Dirceu deveria usar seu espaço na internet para levar os concorrentes capitalistas à loucura com uma sucessão de revelações espetaculares. Nem precisa saber  somar sem solavancos sujeito e predicado. É só contar o que sabe. Quem deixaria de frequentar esse endereço eletrônico caso o anfitrião resolvesse abrir a caixa-preta?

Num dia, colocaria os pingos nos ii do caso Waldomiro Diniz, prometidos em 2004. Noutro, descreveria a montagem do que o procurador-geral da República, Antônio Fernando de Souza, batizou de “organização criminosa sofisticada”. Em seguida viriam a lista completa dos mensaleiros (com a soma do que recebeu cada um), o relato de uma negociação clandestina com parceiros do PMDB, a narrativa de um dia na vida de Delúbio Soares ou de Marcos Valério ─ a relação de temas é mais extensa que a soma dos prontuários da base alugada.

Se soubesse explorar essa mina inesgotável, e só a ele acessível, restaria à imprensa burguesa transformar-se em personagem de Nelson Rodrigues, sentar-se no meio-fio e chorar lágrimas de esguicho.  Pelo menos enquanto a Justiça brasileira não aprender a punir quem tem culpa no cartório, chame-se Yeda Crusius ou José Dirceu de Oliveira.

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